“Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1° do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...”
É com esse espírito do mestre Mario Quintana que pretendo iniciar esse mês de julho. Sempre imaginei que o maior poeta porto-alegrense permanece, de certa forma, vivo, presente naquelas manhãs de frio de Portos Alegre, cobertas por uma densa neblina – semelhante ao famoso “fog” londrino. É por ali que o vislumbro, caminhando calmamente, espalhando versos pelos quatro cantos. Sorrindo e sendo, como sempre, melancólico e doce. Mas ao mesmo tempo arisco e suave.
De certa forma, são características que fazem dele um artista único e lhe dão certo charme e dignidade em relação a outros poetas. Talvez essa seja a faceta que mais me chame a atenção, como esse retrato singelo e afiado sobre acontecimentos mundanos:
Da Observação
“Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...”
Tudo se torna um pouco mais simples depois de se ler algum poema de Mario Quintana. Ele mesmo já dizia que não se pode fazer interpretações de um poema, o poema mesmo já é uma interpretação de algo. Logo, a maioria dos seus poemas são diretos e devem ser simplesmente entendidos, ou ignorados.
Vou viajar próximo domingo, espraiar a cabeça e conhecer uma nova cidade. Será ótimo para colocar as coisas em ordem. Talvez a próxima postagem eu já esteja em outro estado. Mas sempre com as palavras de Quintana na minha cabeça.
Poeminha do Contra
"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"
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