segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

O que eu realmente desejo

Eu não quero mais desejos, mas eu quero que todo mundo tenha desejos de desejos, isto é, sempre é necessário que continuemos a querer algo com tamanha intensidade que nos percamos em nossa consciência. Nunca devemos acreditar que estamos bem dessa maneira, nós não estamos. Estabilidade é uma terrível palavra limitadora. Ela acaba com nós, brinca, rejeita, impede de olharmos para frente, de pensarmos. Não, obrigado, eu passo a estabilidade, tanto como social, amorosa, financeira. Nós não queremos um mar de tédio, nós não queremos um feliz ano novo comum, queremos algo a mais. Queremos novos modos de sentir, de ver, de presenciar. Quero o que eles nunca nos contaram, quero explodir de vez em quando sem saber o porquê. Desejo a vida na sua forma mais pura, mais bruta, mais lisa e incrível. Chega de riffs batidos, de frases prontas, sempre com os mesmos impactos, o que eu quero é uma palavra que o homem ainda não escreveu, nem sequer pensou. Algo tão incrível que eu não saberei explicar, mas não vou querer sair de perto, nem deixar de canto. Preciso de algo que não nasceu ainda.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Bebo, logo existo?

“Cara, ontem eu tomei todas, bebi até cair, até vomitar, até apagar, bater no sono” ; “Ah, é? E eu, cara, ninguém naquela festa que eu fui, tomou mais que eu, todos viram, eu bebo muito, agüento umas 20 e poucas garrafas”

Comentários desse tipo são recebidos pelos meus tímpanos enquanto eu passeio mentalmente no ônibus, logo eles acordam outras lembranças desse mesmo assunto. E eu recordo o que acho disso: um saco. Parece que beber virou um sinônimo de se sobressair aos outros. Um diferencial tão requisitado quanto saber alguma maldita língua estrangeira. Mas é verdade. Faça o teste, quantos conhecidos (as) seus confundem diversão com a quantidade de álcool que ingerem? Sim, sair é encher a cara, curtir a noite e ficar com inúmeras pessoas que provavelmente você nunca mais verá. Vocês podem me taxar de hipócrita, imbecil, retrógrado, mas é o que eu acredito. Já bebi e bebo, aliás, mas nunca me gabei por causa disso. Beber não é um termômetro de como vivemos, não é obrigatório para as relações sociais, só é mais um passatempo, a mesma coisa que ver algum seriado, ou filme, não devemos endeusar o que nunca teve a pretensão disso.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Resoluções

É difícil de acreditar, mas já é natal de novo. O tempo passa cada vez mais rápido, como se nos guiasse para um possível final violento. Não sei, é natal e esse modo como andam as coisas me machuca. Precisamente, acredito que fere a todos nós, porém, ainda não nos demos conta, talvez seja parte do caminho que é amadurecer, sabe? Quando somos criança não nos damos conta de que tudo aquilo irá passar, nossa consciência ainda não é madura o suficiente, não pensamos em olhar para o relógio, ou o calendário. Só o que importa é o que está a nossa frente, o momento em que vivemos – e talvez esse seja o pensamento que devêssemos levar para toda a vida. Ao invés disso, quando crescemos, cuidamos os relógios, biológicos, pessoais, sociais, os dias começam a ser contados, o tempo vai esgotando-se rapidamente, submersos em um piscina, os ponteiros vão nos consumindo, afogando-nos totalmente. E acabamos nos moldando ao tempo, e não o contrário. Minha resolução de ano novo é transformar o meu tempo, fazer uma trégua, saber ser amigo dele, escrever com ele e agir com ele. E quem sabe ele fique mais parecido comigo. E que tudo termine bem para mim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Vanguardismo do jeans!

“Só pode vir de calça social”, era o que dizia o convite de formatura de um colégio metido a pomposo. Aham, para mim terno, gravata, calça social e sapatos como obrigação é um ato de densa repulsão. Eu só fui, pois havia conhecidas e porque elas me conseguiram ingresso de graça para a festa (obrigado, Ellen!). Mas foi trágica a minha busca pela calça perdida, e como! Envolvendo uma boa parte da minha família, dos meus amigos e até de vizinhos. O salvador foi meu pai, lembrando-me da calça que ele comprara há alguns anos para ir a um casamento (ele também odeia essas formalidades, não sei, talvez seja hereditário, assim como a minha mania de escrever bastante em parênteses, sabe como é...). Acabei indo, minha tia deu uns retoques na bendita maldita chata calça e tudo deu certo. Dependendo do nosso conceito de certo. Ao colocar o pé na calçada do lugar: monte de gente de calça jeans! Sei que pode ser ridículo essa minha reclamação, mas para que exigir esse tipo de roupa, se a MAIORIA das pessoas não vão assim? É desconfortável, chato, ultrapassado. Voto no uso obrigatório do jeans e da roupa largada. Um pouco de humildade nas nossas roupas, ah, e nada de jeans estilizados também, se quer um jeans rasgado, faça um, não compre um que valha cento e poucos reais. Formalidades mais informais. Desequilibrar um pouco as coisas, esse é o princípio da próxima organização.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O rei do ping pong

Momento de longa diversão, como aqueles playgrounds quando a gente brincava mesmo, crianças pequenas, faceiras e saudáveis. Mas ao invés de areais e aqueles negocinhos de descer rampa, havia uma mesa de ping pong e fla-flu. Os salgadinhos e as tortas continuavam lá, igual ao do jeito criança, e com um sabor que nunca esquecemos. As pessoas, ótimas companhias, com grandes significados cada, formando molduras com explicações semióticas possíveis para várias análises, mas acredito que aquela mesa salvou minha noite, e as minhas esperanças. Acho que descobri a origem para o meu dinamismo, as minhas perguntas interiores, minhas frases que formam nexo, sempre pensando na próxima palavra, e como elas se conexarão. Tudo isso se junta quando a raquete emite o som de explosão forçada, gerando impulso na esfera branca e calma, deletando tudo ao redor, criando tudo a sua frente, expandindo o consciente da partida, acredito agora que estamos interligados. Eu e esse momento à frente. Todos os pensamentos que virão, acumulados formando paredes de pura expressão, vontades sentidas e não largadas, mas sim, trabalhadas, trabalhando, sempre no gerúndio mente, rumo ao infito (ivo)!

Pessoal da fabico, vcs são demais ;)
lembranças especiais para o pessoal que tava na casa da pri! =)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Barthes e Paul

Roland Barthes é o cara. O pai da semiótica desbravou um mundo novo de sugestões e signficados com o seu livro "Mitologias" em meados do século passado, analisando os principais mitos da sociedade francesa, essa obra foi a base para um trabalho que fiz sobre o mito "Paul Is Dead", o qual vou postar aqui em partes:

Análise do maior mito da história do Rock: “Paul Is Dead”
Introdução
Antes de começar a análise, gostaria de falar um pouco sobre a minha escolha, e sobre esse grande grupo. Beatles é a minha banda favorita, talvez por influência do meu pai que também é um grande fã. Acontece que os acordes, as melodias e as letras tocam-me profundamente, as vozes ritmadas e as histórias que envolvem o quarteto de Liverpool sempre me interessaram, o modo como ditavam a moda, como se preocupavam com algumas causas, o jeito único de cada componente, e esses estilos singulares combinando-se para uma formação coesa e musicalmente perfeita. Tudo isso envolveu uma geração toda e continua fascinando as próximas (como é o meu caso) e isso ocorrerá perpetuamente, pois já faz parte da história, algo que realmente deveria ser lecionado na escola, na possível cadeira de “História da música”. A banda se formou no final da década de 50 na cidade portuária de Liverpool, na Inglaterra, composta por George Harrison (guitarra e vocal), John Lennon (guitarra e vocal), Paul McCartney (contrabaixo e vocal) e Ringo Star (bateria e vocal). É o grupo musical mais bem sucedido da história, e o que certamente mais influenciou outras bandas, todos os seus membros eram – e são – aclamados por público e crítica, com mais de um bilhão de álbuns vendidos em todo o mundo, sendo que 20 músicas alcançaram o topo das paradas nos Estados Unidos (fato que ninguém ainda conseguiu bater). Mas o impacto não foi apenas sobre a música, mas também sobre a moda e o comportamento, os cortes de cabelos e os trejeitos moldaram toda uma geração. Pela inventiva criatividade, e magia de suas músicas, Paul McCartney e John Lennon são considerados a maior dupla de compositores da música popular em todo o mundo.

Paul Is Dead?

Roland Barthes já dizia que “o mito é uma fala”, isto é, um sistema de comunicação, uma mensagem, ele não pode ser um objeto ou uma idéia, pois é um modo de significação, uma forma, e são necessárias condições especiais para que a linguagem se transforme em mito, e foi exatamente isso o que aconteceu no final da década de sessenta. Mais precisamente em 1969, quando a suposta “morte” de Paul foi anunciada no dia 12 de Outubro em uma rádio de Detroit prefixo WKNR-FM nos Estados Unidos, pelo Disc Jockey Russ Gibb. O radialista havia recebido uma ligação de um fã inveterado que encontrara pistas nos álbuns dos Beatles as quais indicavam a suposta morte de Paul McCartney. Russ Gibb neste dia leu a lista das pistas no ar e também improvisou algumas mais. Para seu espanto, os jornais locais levaram a sério esta brincadeira e publicaram a tal lista. No final do mês de outubro os boatos tinham se espalhado de tal forma nos Estados Unidos que obrigaram Paul McCartney, em férias na Escócia, a vir a público desmentir os boatos sobre a sua morte. A partir daí, vários livros foram escritos e cada vez mais novos "fatos" foram sendo "encontrados" e adicionados à lista de indícios sobre a sua morte. Como diria Barthes “Cada objeto do mundo pode passar de uma existência fechada, muda, a um estado oral, aberto à apropriação da sociedade, pois nenhuma lei, natural ou não, pode impedir-nos de nos falar das coisas”, todos esses fatos citados das capas dos álbuns e trechos de música, mais o fato que os Beatles haviam parado de fazer shows ao vivo, e um possível acidente de moto de Paul (que na verdade só o machucou um pouco, não o matou) contribuíram e construíram na criação do mito, que depois os próprios integrantes do grupo começaram a brincar usando as capas do álbuns e as letras da música para nutri-lo.

A construção do mito

Paul teria morrido em um acidente de carro às 5 da manhã de uma quinta feira tendo sofrido esmagamento craniano ou decapitado durante o acidente, ele teria perdido os seus ossos e os seus dentes, impedindo assim a indentificação, percebam como há a forte influência dos “fait divers”, isto é, o trágico, esse mito especificamente começa com um acidente no mínimo inusitado, no qual a cabeça fora “decapitada” e até os dentes haviam sumido. Dessa forma eles poderiam o substituir por um sósia, para isso foi feito um concurso nacional de sósias de Paul McCarney (tudo às escondidas, é claro), o escolhido fora Bily Shears, que teria passado por algumas operações plásticas a fim de aumentar sua semelhança com o beatles morto, e poder substituí-lo. A única falha da cirurgia é que ocorrera um desacerto no lábio inferior, uma pequena cicatriz. Com o sósia colocado no lugar do verdadeiro beatle os outros componentes e produtores da banda teriam começado a divulgar pistas para que seus fã pudessem descobrir que o verdadeiro Paul havia morrido. Algumas pitas são banais, mas importantes para a construção do mito, pois trabalham com o imaginário dos fãs da banda, mais uma vez segundo Barthes “todas as matérias primas do mito, quer sejam representativas, quer gráficas, pressupõem uma consciência significante, e é por isso que se pode raciocinar sobre eles independentemente da sua matéria”, cada pista tem a sua significância no contexto do mito, e vamos procurar e analisá-las álbum por álbum, procurando todos os símbolos e seus devidos significados que ajudaram a construir o mais famoso mito da história do Rock’roll.

continua..

0, 1 , 2 , 3 ...

Neste exato dia há 217 anos, na Cidade do México, foi encontrado um calendário solar asteca, feito de pedra e pesando 25 toneladas. Sabe por que começo assim? Porque há muitas coisas que não tem explicação. E ponto. Nunca mantive um blog, mas pretendo, de alguma forma, levar esse mais a sério, pois é um belo modo de ser lido, de se debater e de alguma forma se comunicar com as pessoas. Uma pequena apresentação, tenho 19 anos, faço jornalisno na federal do Rio Grande do Sul, e o que eu gosto mesmo é de literatura e de tentar produzi-la. Sou adepto do Kafka, tudo que não é literatura, até mesmo as conversas sobre literatura, enchem-me o saco. Não me venham com demagogias, sermões, ou esclarecimentos impertinentes - pessoas que almejam parecer superiores, ou que gostem de sentir-se melhores e demonstrar isso não me são necessárias. Claro que a minha vida não é só literatura, mas parece sempre encaminar-se a ela. Aqui nesse blog também serão vistas análises de filmes, jogos, desenhos, pessoas, situações...enfim...todas as minhas lamentações e -masturbações - mentais. Espero que possamos interagir nessa brincadeira de mundo virtual.