segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sobre o meu pai.

Meu pai me influenciou de uma maneira gigantesca. Enorme mesmo, além da parte genética já pré-estabelecida, muitas coisas das quais eu gosto vem dele. Música, cabelo, atitudes, mas um dos meus hábitos favoritos ele justamente não aprecia: a leitura. É, porém eu perdôo isso, ele é uma pessoa muito mais prática que eu, sabe? Talvez essa seja a nossa maior diferença, ele se moldou a uma vida, enquanto eu ainda tento moldar a vida para mim. Durante o momento que escrevo, vejo a sala rodeada de quadros que ele pintou, quando era mais jovem, da minha idade, talvez. São meio sombrios, com significados ocultos. E eu sempre tento adivinhar e perceber o que ele pensava quando os pintou, não se pergunta sobre o que nós queríamos dizer, simplesmente, entende-se. Mesmo sendo parecido comigo, meu pai é uma charada que tento desvendar a todo momento, como se quando eu a respondesse, eu pudesse finalmente me encontrar por completo. Imagino que todos esses quadros contem a história da vida dele, por meio de estórias que ele sempre relatou para mim, do seu tempo de jovem, as quais eu sempre escutei com demasiada atenção, criando o seu mundo na minha cabeça de criança jovem. O meu pai não gosta de ler, mas ele me deu gosto para contar estórias, e só isso já vale uma vida.

Feliz Aniversário, pai. (ainda que numa postagem tardia)
22/01/1961

sábado, 26 de janeiro de 2008

Poema

Eu tava na praia, mas a minha cabeça estava em muitos lugares, esse era só um deles.

Abstrato
Corpóreo (sexo)

É o enlaçe de pernas
Uma desconjuntura de peles
Mal-calculados acertos
Contorcidos beijos

Esticados apertos atentos notados
Calmos, inseguros, sem nexo, anexados
Desordem bem ordenada
Tempestade fugaz acomodada

Que traz o cheiro
O cimento, a boca
Transformando em um quadro abstrato
Transbordando insensatez
[Interruptamente.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Teoria número um: sobre nostalgia, morte e música.

Teoria número um: sobre nostalgia, morte e música.

Sempre fui pregado por essas idéias de como certas coisas se completam tão perfeitamente - e nunca entendi como ninguém percebe esses sentidos, para mim, tão óbvios. Um deles é a ligação de nossas lembranças e da morte. Sim, a temível, a assustadora, mas que todos nós teremos que lidar um dia, assim como conquistar alguma meta na vida, tal qual o vestibular, por exemplo, a morte é só mais um obstáculo. O maior, e talvez o mais fácil de superar, mas como esse não é um blog religioso prefiro não entrar em mais detalhes. O que eu realmente quero dizer é como as lembranças, a nostalgia e a morte se ligam na minha concepção. Toda a idéia para a minha teoria começou com o déjà vu que segundo um site famoso define: “Tem-se a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada, sabendo que é materialmente impossível que ela tenha algum dia ocorrido. O indivíduo também pode nestas circunstâncias experimentar esta estranha sensação de já ter vivenciado o que lhe ocorre, e, além disso, também pode relatar (antes de uma observação) quais serão os acontecimentos seguintes que se manifestarão nesta sua experiência.” E então bolei esse pensamento, quando morremos nós não desaparecemos por completo, e com uma saudade absurda da nossa vida retornamos tudo novamente, desde o íncio, o princípio, quando éramos bêbes ou crianças bem pequenas. É claro que esquecemos a grande maioria das nossas lembranças, mas fragmentos sempre ficam, e é nessa parte que entra o déjà vu. Isto é, essa saudade absurda é a nostalgia de lembrar todos os momentos, de querer revivê-los a qualquer custo. E isso é tão forte, que queremos viver novamente, tão intenso que ao invés de seguir para outro lugar (não sei para onde), decidimos relembrar a vida. E se pensarmos desse jeito, a música funciona perfeitmente nesse panorama também, é uma memória “emprestada” de outra pessoa (talvez de nós mesmos), melodia impecável, Paul Mccartney não concebeu Yesterday em um sonho? Poderia ele ter composto em outra vida? Em outro sentido? Seria a memória de um outro tempo?
Acredito que tudo está interligado e vocês, no que acreditam?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Hell-o

Olá, sou mais um cara aqui pra transformar devaneios em palavras para que vocês transformem estas palavras nos seus devaneios. Gostaria de ter inaugurado esse espaço pelo qual sou grato com um conto, mas porra, a inspiração anda arredia. Não que isso seja problema de vocês ou do mundo. Não gosto quando dizem que o mundo moderno é pouco artisticamente inspirador, quando vangloriam épocas passadas nesse sentido, esse suposto saudosismo de gente que nasceu quando já existia microondas, mas, que só vê a beleza da existência humana nos tempos em que se andava a cavalo. O mundo moderno é belo a sua maneira, e é tão complicado extrair a arte dele agora como sempre foi em qualquer outro momento. A preguiça de executar a tal “extração” da realidade tem como exemplar a arte abstrata, que considero uma praga. Arte existe para conectar as pessoas a uma idéia elevada da existência, ela faz uso de letras, de sons, de tintas, o que for, para alcançar significados que transcendam a si mesma. E o que um quadro abstrato é além de um espelho? A arte se “individualizou” muito, perdeu rigor, hoje em dia qualquer coisa é arte, basta ser capaz de subjetivar alguma forma de narcisismo. Cadê o bom e velho altruísmo do artista, o sacrifício pela obra? Hoje o sujeito faz qualquer merda e espera que as pessoas busquem por um significado como se fossem animais atrás uma presa. Enfim, mesmo que em tom de desabafo, estou apresentado, até...

greg, amigo, colega, publicitário, piadista, e outras coisas
vai postar aqui no blog também. aliás, ótima reflexão de arte.
bora comentar, pessoal! =)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O quão longe nós podemos ver.

Sabe aquela técnica antiga de um desenho no qual o personagem possuía a visão “além do alcance”? Pois é, acho que a presenciei ontem, quando olhava algumas estrelas na parte superior da minha casa, acontece que há algo de mágico no céu que pode nos ajudar a entender melhor a vida. É justamente o quanto, e como, nós podemos ver que nos faz aprender como crescemos com o tempo. Lá estava eu, deitado, observando alguns brilhos que se sobressaiam mais que os outros naquele imenso quadro negro gigante de vida, mas se a pessoa fixar-se apenas nas mais visíveis perde as pequenas estrelas que há em volta, todas com um papel semelhante as que mais aparecem. Isto é, se observamos num panorama geral descobriremos que é muito mais bonito quando apreciamos a totalidade, a interação entre as estrelas. Quando meus olhos acostumaram-se a vê-las, juro que algumas pareciam andar, brincando entre si, contando fofocas e rindo uma das outras, apontando para nós e olhando-nos, como se também fossemos pequenos pontos no céu delas - brilhando infinitamente. Talvez nós sejamos iguais, sabe? Talvez viver e morrer não sejam duas coisas extremamente diferentes, pode ser que estejam ligadas entre as estrelas, entre esses pontos distantes um dos outros, mas com os mesmos prefixos, com os mesmos objetivos. Enfim, são apenas questões que me correm enquanto fico pensando na vida, e observando aquelas estrelas pulando uma em cima da outra, apontando e rindo do meu cabelo mal penteado, falando da minha camisa que eu esqueci de passar. Mas isso não importa, o fluxo da vida é muito maior.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A arte das lagartixas

Nunca tive medo ou receio desse réptil, pelo contrário, ele sempre me fascinou. Quando eu era criança (dizer isso pode ser relativo, pois acho que nunca deixei de ser xD) ao ver uma logo a chamava, apontando o dedo, “tixa, tixa!”, é o que relata o meu pai, quando conta as minhas peripécias de infância, ainda há muitas histórias que acabam me envergonhando, mas faz parte. A verdade é que todo mundo deveria ser como uma lagartixa. Sim, é isso mesmo. Controlar o seu ambiente. É o que ela faz, é de sua natureza, e deveria ser da nossa também. Manusear as pragas, acabar com elas invariavelmente, e por que não alimentar-se delas, usando-as assim para aprender alguma coisa? Uma lagartixa sabe onde mora o perigo e, principalmente, sabe como caçá-lo. É o que eu tento fazer nesse meu dia-a-dia. Virar uma lagartixa. Tá bom, talvez não com aquela pele, mas com aquela astúcia, com aquela voracidade, e principalmente com agilidade, para desviar dos caminhos e saber qual a melhor rota.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

obstáculo 1

E eu poderia estar vendo as estrelas. Mas não, né? Você tinha que fazer isso comigo, aliás, como de praxe, desde que nos encontramos há alguns anos. Pede-me as coisas, e eu venho correndo, sempre, sempre. E quando ouço sua voz, até esqueço que podia estar fazendo outras coisas, como observar as estrelas. E eu adorava fazer isso. Acontece que nem penso muito, deixo meu corpo agir, mais por impulso do que as palavras que percorrem a minha cabeça, no final, eu sempre acabo te seguindo e deixando tudo para trás. Não sei por que, mas hoje me deu muita vontade ver as estrelas, as galáxias, observar as formações, fingir que sei alguma coisa sobre isso... Exatamente como você faz comigo.
Fingir que me conhece.
Se é só por interesse, por que nós não dizemos logo? E é tudo minha culpa. E quando eu tento escapar eu descubro que eu não tenho asas, que eu realmente não tenho asas para voar para longe.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

cenas

Alguns filmes deveriam ganhar sua condição de existência somente por causa de uma cena. Ontem, vi um desses, refiro – me ao “todo poderoso”, tá certo, é uma comédia, não é tão ruim, eu diria que é razoável, mas a cena em que o personagem de Jim Carey e Deus caminham sob a água é fantástica, diria que eles caminham “sob” a água e “sobre” muitas coisas, em uma metáfora muito boa. Toda a imagem é bem feita, bonita também, se você deixar sua mente viajar e não reparar como um grafista de computador parecerá que eles, realmente, estão andando sob a água. Isso me impressiona muito, acho que é um grande sonho meu andar sob a água, e assim me libertar de muitos problemas sobressair-me de muitas coisas. Como é impressionante uma cena de algum filme marcar as pessoas...quais são as suas favoritas? Eu tenho muitas, essa é só uma delas.

Obs: não agüento mais esse calor de porto alegre, está me derretendo e acabando com os meus malditos pensamentos. Acho que me mudo para a Finlândia próximo mês 8)