quinta-feira, 25 de abril de 2013

a propaganda é minha especialmente para vocês



É muita informação
para pouca cabeça.
Dados concretos demais
sob a nossa pele arenosa,

que descasca depois das transmissões.

Acontece que é muito drama
e muita gente falando sobre.

É muita marca nos amando™.

Há pouca dor perpetuada
nas palavras escondidas
(Ainda há?).

Poucos toques,
tesão, conflito.

Mas, a propaganda é minha
especialmente para vocês.

Esquece que não há mais chance:

Joga-se no mar, como quem dança
acompanhada pelo avô nos 15 anos.
Dorme, acorda, deixa para lá.

Tudo que é falso não retorna,
 não sangra, não faz anos.

Apenas é compartilhado toda hora.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

bergamotas para sempre



Lembro do meu vô sentado no degrau em frente ao portão de casa. Parado, às vezes passava horas lá, sozinho, pensando, analisando o movimento da rua, veja só uma rua sem saída. Sempre foi simpático ele, sempre foi de brincar com os outros chamando de apelidos diferentes, mas talvez o que eu mais me lembre do meu vô seja o modo como ele cortava a bergamota. Deslizava a faca sob a pele laranja bronzeada, quase crocante da fruta, cortando-a gentilmente , praticamente moldando, tal como um artesanato. Então, metia os dedos para tirar as sementes, que ficavam por ali, na rua mesmo, para algum pássaro catar. Depois desse pequeno processo, pegava a metade da bergamota e a desfrutava também devagar, lentamente, com legítimo prazer. Não importava o tempo, o clima, lá estava ele logo depois de almoçar. Sempre.  

segunda-feira, 8 de abril de 2013

lá embaixo

Fim de festa,

chega no ouvido e diz que

só não vou para sua casa

porque ela tá sangrando.


Eu também estou,

e acho que tá todo mundo assim,

de alguma forma.



Mas o dela é lá embaixo

por entre as pernas,

quente,  jocoso  e jorra,

provando que ainda há vida,

que ainda poderá ter vida.


Para eu e você,

para ele e ela que dormiram

e àqueles que se

aventuram na agrura mais

profunda dos corpos.


Disse que em outra oportunidade

daqui uns dias, daqui uma semana;

por que não

há a vida toda na frente

para a gente se afogar

terça-feira, 2 de abril de 2013

entre nós

Pele na pele
para descobrir
nós
atados e macios
que caminham
sós.

Aparecem e desaparecem
tão perto agora
tão longe agora.

Se um dia te encontrar nos outros
nas coincidências, no sono
finjo nós
 e amarro para permanecer
pronome possessivo.