terça-feira, 28 de julho de 2009

Crônicas de um repórter novato - parte VII

Lá estava eu, sentado em um círculo que mais parecia uma elipse com mais catorze candidatos ao meu redor. Era a terceira fase de um processo de seleção para um grande jornal aqui de Porto Alegre. As outras duas fases foram concluídas com ímpeto, mas de algum modo não estava tão empolgado na penúltima. Justo agora. Explico, deveríamos fazer um texto a partir de uma bateria de perguntas que jogaríamos para a entrevistada, alguém importante do jornal. A verdade é que essa prova fez eu me remeter àquela velha pergunta que me corroí há tempo: devo fazer o básico, escrever o texto normal do jornalismo ou tentar fazer algo ao meu estilo? Tive essa dúvida durante toda as perguntas que estavam sendo feitas.

Para mim era algo como: devo trair o modo como escrevo e conseqüentemente como enxergo o mundo? Devo me render agora? Já serei moldado? Pode parecer ingênuo, mas todas essas questões estavam passando pela minha cabeça, enquanto eu que deveria estar fazendo perguntas para entrevistada. Quando vi, o tempo já havia se esgotado e eu não tinha feito nenhuma pergunta. Porém tinha anotado algumas das respostas que ela dera.

No final, acabei escrevendo como eu gostaria, como eu achava mais atraente. Não aquela maçaroca toda de informação sobre o seu trabalho, mas algo como um perfil, com voz narrativa do autor, tentando englobar o que acontecia por fora. Mas acho que não foi um bom texto também. Tenho uma teoria sobre os textos e sobre as pessoas, que vem logo em seguida para complementar essa crônica.

Enfim, não passei para a próxima fase, mas não fiquei decepcionado. Escrevi como achei que deveria. E mesmo que não tenha ficado bom na hora, sei que um dia invariavelmente posso acabar trabalhando lá e tentando fazer as coisas do meu jeito. Enquanto isso estou a procura de um estágio, porque a minha bolsa de pesquisa já acabou.

Então se alguém souber de algum, por favor, me avisem. =) haha



4 comentários:

Mariana S. disse...

Se eu fosse dona de um jornal, eu te contrataria.
=D

Vinicius disse...

Sei bem o que está querendo dizer e sei bem o que te coroe. “Já serei moldado?” Mas já? Assim sem preliminares?
Também por muito tempo (até o presente momento) e acredito que levará mais um tempo, para eu decidir o que fazer sobre a minha fiel vida, meu fiel estilo e meu fiel senso crítico e minha fiel visão de mundo.
Certa vez questionei: “Devo seguir o meu sonho ou a realidade?”.
Decidi seguir o sonho, por mais árduo que seja, ainda tenho a necessária ilusão que não estou apenas reproduzindo moldes.
Dúvidas sobre os primeiros passos sobre ser adulto.

gregtest disse...

Pode parecer que se você estivesse moldado então estaria sendo fiel ao mundo, ou fiel ao que os outros 'devem' saber. Fiel aos 'fatos'.

Mas, no fundo, acho que se tu traísse a ti mesmo estaria traindo o mundo também.

Abraço.

Leila Ghiorzi disse...

Se eu fosse dona de um jornal, eu te contrataria.
=D [2]

Já te disse antes, mas só pra reforçar: acho que tu fez certo!

Beijo