quinta-feira, 30 de abril de 2009

Teoria número dezesseis: sobre “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”

Homens têm extrema dificuldade em serem amigos de mulheres. Não digo que isso não possa existir, é claro que há. Contudo, em algum momento eles tentarão cruzar a linha que separa a amizade do “algo a mais”. Por quê? Realmente não sei, talvez, porque o homem confunda as coisas mais facilmente. Quando ele tem uma “amiga”, e começa a contar seus problemas, ou adversidades para ela – e ela faz o mesmo – cria-se uma união diferente da amizade entre homens.
Nós conversamos, mas dificilmente contamos algumas coisas mais profundas, enquanto para as “amigas” mulheres, fazemos com mais facilidade. Acontece que não estamos acostumados a ser acarinhados pela nova amiga, logo já achamos que ela está abrindo um espaço para uma maior aproximação. Aí que entra a perspicácia do indivíduo – o que nem todos possuem – é preciso saber separar as coisas. Ela nem sempre está dando bola para você – na maioria das vezes não, eu diria –, e quando estiver é preciso saber transitar da amizade para a relação, algo que é difícil e um pouco trabalhoso. Mas esse já é assunto para outro post.

domingo, 26 de abril de 2009

Crônicas de um repórter novato - parte IV

Nessa semana fiz duas entrevistas para estágio. Uma delas é para uma bolsa de pesquisa em jornalismo cultural na Fabico (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS), onde estudo. A segunda é numa empresa que faz publicações para o setor empresarial e afins. A primeira entrevista foi na faculdade, quarta feira com a minha professora de Radiojornalismo, que me explicou a situação: seriam apenas três meses, pois a pesquisa já está chegando ao final. O objeto de estudo é um jornal com uma proposta cultural que durou cerca de dois anos na década de oitenta. Achei interessante, pois gosto dessa área, mas pareceu-me meio desestimulador o que eu faria. Seriam coisas mais maquinais como degravar uma entrevista, a parte de reuniões e esclarecimentos da pesquisa já estava completamente fechada.

Por outro lado, a segunda entrevista foi mais estimuladora, gostei do clima do lugar e a conversa foi descontraída e verdadeira. Consegui me expressar bem em boa parte do colóquio, pelo menos. Não achei nada forçado, elas disseram o que queriam, e eu disse como eu era. Não me interesso pelo mundo empresarial, mas gostaria de aprender e entender mais. Corria tudo bem, até me darem uma folha com algumas respostas para preencher, tranqüilo, legal, é o certo a se fazer. Mas por que perguntar o nome de políticos? Não vejo nenhuma utilidade em decorar essas superficialidades. Deputado estadual? Ministro do não-sei-o-quê? Eles sabem o meu nome por acaso?

Claro que não.

E isso já aconteceu em outros lugares em que se faz algum teste para ser selecionado. Conhecimento inútil, eu penso. Quando eu tiver a minha firma, nunca irei fazer isso, prefiro perguntar coisas mais interessantes, como opiniões sobre algum assunto importante ou coisas do tipo. Jornalismo é engraçado.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tempos modernos

Há anos o psicanalista me fala que eu devo enfrentar a situação frente a frente com o senhor, mas não consigo. Sempre que tento uma aproximação, você se livra fácil de mim, pai. Dá respostas curtas e sai resmungando outras que não consigo entender. Resolvi apelar para o MSN, mas mesmo nesse modo de comunicação, você continua totalmente distante, fora que não tem acessado muito (não duvido, até, que tu tenha tido a cara de pau de me bloquear). Sempre foi chegado nas modernidades, não é? Como a vez que você resolveu fazer aquela tatuagem de um símbolo japonês, mesmo não sabendo o que queria dizer. Ou quando resolveu colocar o piercing na sobrancelha (mesmo que você goste, vou dizer : não ficou legal, pai). E o cúmulo é tanto que aqui estou, escrevendo o que preciso te dizer por depoimento do Orkut, olhando essa sua foto sem camisa do perfil, esse bigode estranho, o piercing metálico na sobrancelha.

Não é que eu tenha medo de falar isso para ti, mas é que toda vez que tento te contar, você foge. Embora eu saiba que no fundo o senhor sempre soube – eu também, nunca fiz questão de esconder. Mas é engraçado você não querer me escutar, pai. Digo engraçado, porque o senhor mesmo sempre foi tão moderno, ou tão metido a moderno. A última moda, a roupa mais descolada, todos esses utensílios jovens, essa tecnologia. O senhor até comprou um laptop, só porque o seu Jair do apartamento ao lado inventou de ter um. Logo achei que seria de fácil compreensão, a mãe, a mana, os seus vizinhos, todo mundo já está sabendo pai. Por isso eu vou te contar por aqui mesmo: o Roberto não é só meu amigo, vamos nos mudar para o nosso apartamento semana que vem. Se quiser aparecer venha traga um vinho e seja feliz.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Novidades

Novidades no blog. Depois de mais de seis meses com o mesmo layout, resolvi trocá-lo, arrumar um pouquinho mais o brógui. Espero que essas mudanças ajudem-me a arrecadar novas ideias também. Abril é um mês crucial para o semestre, logo, as pessoas começam a ficar mais ocupadas. Mas vou manter a minha cota mensal de dez postagens, afinal sempre foi um prazer escrever aqui. Então...era só para mostrar o novo layout...gostaram? Críticas, sugestões, confissões, declarações são aceitas!

sábado, 18 de abril de 2009

Louco, certo

Segunda imagem visual em forma de letras no blog. Espero que gostem, é um poema simpático e inocente de 2004.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Evasões

Às sete horas da manhã de uma terça feira compreensível, Eduardo notou um odor que se espalhava pelo apartamento. Era estranho, pois tinha poucos cômodos, poucos aparelhos, poucas roupas. Em menos de um minuto já havia rondado todos os móveis à espreita de algum bicho morto, talvez. O lixo fora levado para a cesta no dia anterior. Lembrou-se do ato, devido à figura de sua vizinha que nunca lhe saia da cabeça. Havia a encontrado no corredor, ela usava um short pequeno, azul escuro, as coxas morenas saltando, o tamanco de madeira, empinando as nádegas. E ele com o saco de lixo na mão, os restos de miojo e de papel higiênico. Tentou esconder a sacola colocando-a atrás do corpo e cumprimentando a moça com um sorriso sincero. Ela balançou a cabeça, o lábio coberto por uma casca de batom rosado, quase se apagando, enjoando a sedução. Mesmo assim esboçou um sorriso amarelo, se extinguindo aos poucos. Agora eram duas coisas em sua cabeça. Resolveu abrir as janelas, espraiar os ares, pensou. Ao permitir a entrada de vento, percebeu o verdadeiro motivo do mau cheiro. No meio da rua, o corpo de um cachorro atropelado. O sangue espalhado no cimento, seu corpo desfigurado, isso ninguém ainda havia limpado.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Legendas e MSN: Blablabla

Hoje tive uma aula sobre legendas na faculdade de Jornalismo, mais especificamente na cadeira de Fotojornalismo. O exercício que a professora passou para a turma foi o seguinte: foram distribuídas várias matérias com fotos – obviamente – e retiradas suas legendas; cabia a nós colocarmos novas frases.
É incrível como uma legenda pode dizer bastante sobre a imagem mostrada. E ao mesmo tempo também não passar nenhuma informação útil. É que nem os subnicks ou nicks de algumas pessoas no MSN. Para que serve aquele sistema? Funciona, mais ou menos, como legenda para uma foto. Só que muito mais pessoal. Há indivíduos que colocam sua VIDA ali, ou algum sentimento. Enfim, possuem tanta vontade de se expressar (ou de contar sua vida, de se exibir,) que acabam, por vezes, alimentando uma imagem duvidosa de si mesmo.
Não estou dizendo que seja algo planejado pela pessoa, talvez seja um sentimento impulsivo mesmo que a leve a escrever alguma informação tão pessoal, a ponto de que outras pessoas possam se interessar por aquilo, e fiquem curiosa com a situação. Mas não sei. Sempre fico com um pé atrás depois de ver no subnick de alguém que a sua chefe está com problemas no trabalho, ou que ela odeia a aula de não sei o que ou ainda, que está doente e se sentindo sozinha e blablablablabla.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Intranet Celestial

Olá, pai

Desculpe, mas não vai dar para fazer isso. Por que morrer na sexta feira, se eu vou ressuscitar para a vida eterna no domingo? Não tem graça. Vou perder a festa da Maria Madalena no sábado. Pô, pai, por que fazer isso? Não tem como eu morrer e ressuscitar domingo mesmo? Seria ótimo para mim. E ah! Olha só, queria pedir mais alguns favores. Andei lendo o outro e-mail com o roteiro do que acontecerá e não fiquei muito feliz. Muitas chicotadas, pauladas, xingamentos e ainda carregar uma enorme cruz? Meu Deus!, (com o perdão da palavra), não tem como amenizar um pouquinho? Eu sei, eu sei que é esse é o meu trabalho e que vou ser recompensado futuramente com uma cadeira ao seu lado. Mas o que exatamente eu vou fazer depois mesmo? Passaremos a eternidade felizes? Essa cláusula no meu contrato é meio abstrata, gostaria de melhores explicações.

Aguardo resposta,

Do seu,

J.C

terça-feira, 7 de abril de 2009

I can't write, Dylan

Estou quieto no meu canto, cansado de andar pelas horas normais do dia e você ainda bate na minha porta para dizer que tudo ficará legal. Ou nem tanto. Acordo pensando que se o vento sopra, é porque há infinitas possibilidades de caminhos. Não é verdade? E quando a gente acha que uma mulher pode descansar em nosso leito, nem sempre é desse jeito. Pelo menos um dia seremos para sempre jovens. Quem sabe até lutadores de boxe profissionais. Daqui uns anos, baby, responderemos por nós mesmo e criaremos novas sensações. Como uma pedra rolando por caminhos diferentes, tomando cuidado, modificando todas as estruturas, apresentando novas interpretações. As coisas hão de mudar para todos nós, os tempos, eles estão se modificando.

domingo, 5 de abril de 2009

A palavra

Foi por acaso que descobri não gostar mais de Cinara. Pensando bem, talvez nem tão acaso assim, pois a resolução surgiu-me devido a uma palavra que ela disse, evidenciada pelo modo como expeliu as letras, completamente racional, completamente fria, completamente desconhecida. Com quem eu havia me casado? A passagem ocorreu durante uma conversa totalmente fútil e insincera, nesse momento que ela finalmente largou aquele pedaço de vocábulo. Desde lá, eu sei do fundo do meu coração – e de qualquer outro órgão que reconheça sentimentos – que eu não a amava mais. A partir disso fiquei desnorteado, se eu não apreciava mais nada naquele corpo cheio de besteiras, o que eu poderia fazer? Não tinha dinheiro para cair fora, nem muita vontade de ir embora – é difícil colocar anos de um relacionamento no lixo, mesmo que você não suporte mais olhar para o rosto da pessoa. O que eu poderia fazer senão continuar dormindo ao seu lado, falando besteiras amorosas e acreditando em algo que não existe mais?