terça-feira, 15 de maio de 2012

Meu eu jornalista


Algo estranho: 

Eu ia começar a escrever um post meio furioso, deprimido devido a dificuldade de conseguir uma vaga como jornalista em Porto Alegre. Devido a fazer entrevistas, devido a minha condição de “recém-formado”, de fazer seleções e de não obter retorno. Devido ao fato de enviar currículos e, muitas vezes, não receber respostas. 

Eu ia escrever que estou questionando a minha qualidade, que devo ser um péssimo jornalista, de que, provavelmente, há muitas muitas muitas pessoas melhores do que eu por aqui em todos os sentidos.

 Estava pronto para escrever que me sinto mal, e me sinto meio mal é verdade, e que é patético e triste como eu me importo tanto com a minha condição de jornalista.

Como, por quê, onde, o quê, quem, quando eu comecei a dar tanta importância para o eu jornalista?

Mas, sei la, eu cheguei em casa e abri a internet e o facebook e os emails e vi a receptividade do pessoal que começou a compartilhar a ideia de arranjar mais colaboradores para o Nonada e vários emails de gente querendo colaborar e eu fiquei um pouco feliz. Não sei, eu fiquei feliz. É bom sentir que se acertou – nem que seja ao menos uma vez.





domingo, 6 de maio de 2012

Descoberta


No condomínio,

lá pelas cinco e meia da madrugada,

se ouve

devagar



o primeiro abrir dos chuveiros

no apartamento ao lado



no outro,

pouco mais acima

uma criança chora,

e acorda

quem ainda não quer



(É quase a hora

de dar os primeiros passos, e

levantar pra vida.).



À esquerda, no JK atrás da parede

a moça tem pesadelo,

e grita para todo mundo e ninguém ouvir.



Em breve, mais chuveiros e mais chuveiros

serão violentamente ligados.



E, abruptamente, os corpos levantarão.



Atordoados, ainda sem entender

o que acontece,

onde estão,

aonde vão.