terça-feira, 26 de março de 2013

Tempo de dar passo pra trás



Rafael,

Soube que você está se alimentando melhor. Isso é ótimo. Sei também que faz apenas duas semanas, mas já está até notando uma melhora na sua dor crônica no estômago, não é verdade? Finalmente, tomou uma atitude em relação a isso, então. Eu fico muito feliz, ficar saudável queira ou não é essencial para tudo que você quer fazer. Ficar saudável e se motivar também.

É, eu sei que é difícil, mas é preciso olhar além.

Ah, eu também sei (como sou xereta) que você voltou a estudar, frequentar a Universidade novamente, agora com outros olhos. Meio afastado daquela confusão juvenil do primeiro semestre, tintas, festas, afinal você já passou por tudo isso. Talvez você ainda não saiba exatamente se vai se formar nesse curso ou não, se ele será uma ponte para outra oportunidade, que pode aportar, mas só de tentar aprender mais alguma coisa nova, eu já acho o máximo.

Queira ou não, parece uma boa ideia.

Aposto que está sem tempo, mas última coisa: soube que você está voltando a escrever e quer se dedicar mais a isso, fazendo oficina literária e tal. Finalmente. Uma ideia de lançar um livro, vi no seu blog. Não é fácil, né, requer muita disciplina, foco, atenção. Eu sei como é, o que eu faço precisa de muita disciplina. Mas eis aqui o meu segredo para tentar ser mais espartano: além de ter metas bem definidas, deve-se dar um passo para trás sempre antes de seguir em frente. Se avaliar, retomar, relembrar, reler, reescrever, reestudar, e então partir para a próxima etapa. Não é fácil, mas no momento que você consegue, terá mais facilmente os resultados que aguarda.

Continuo sempre me preocupando contigo, mas agora cada vez menos.
Estamos sempre perto,
Um abraço,

Do seu Rafael

Obs:  Soube também que está estudando para concurso público. Sei que você até gosta dessas provas, né. Aqueles dois anos de estudo para o vestibular da UFRGS te marcaram mesmo. Mas, vai com calma. Organiza os horários e segue em frente, que tudo dará certo. Foco.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Meus 25 anos

Não me sinto tão diferente de quando eu tinha dezesseis anos, o que muda é que fica mais fácil. Fica mais fácil tudo, na verdade: perceber, esquecer, superar, tentar. Com 25 anos me sinto aberto para tentar de tudo, ao mesmo tempo que me sinto preocupado de não conseguir nada. Mas isso é coisa minha e da minha cabeça que procurar prever as possibilidades para não se machucar  depois. Para não se perder mais.

Sinto vontade e penso grande sobre tudo que acontece ao meu redor, sinto falta da cumplicidade dos amigos diariamente, algo que tive no colégio, na faculdade, e não sinto agora. Talvez eu me sinta um pouco solto. Tenho, é claro, grandes amigos, mas não os vejo com tanta frequência. E nada é melhor do que uma boa conversa sobre a vida, porque falar, conversar, é um modo de organizar o seu mundo, você. A vida é uma chegada eterna a epifanias baratas em conversas muito importantes. Ou pode ser o contrário também.

Com 25 anos, a gente pondera demais sobre as coisas, quando devia simplesmente viver sem estar preocupado. Estar ansioso, ou receoso, não me leva a nada. Se preocupar com suas características inerentes, não leva a nada também.

Com 25 anos, a gente começa a pensar no que já fez. Com quem se reuniu, o que conquistou, as experiências que obteve. E me sinto bem nesse campo até, pois eu vivi, amigos (e vivi amigos). Eu senti muitas coisas, muitos sentimentos, muitas pessoas, e momentos tão divertidos, quanto tristes. Criei laços que certamente vou levar até fim.

Com 25 anos, a gente percebe que limitar é necessário, afinal, você deve tomar decisões. Decisões que podem nem sempre parecer boas, mas que podem se mostrar corretas tempos depois.

Acho que  o que importa com o tempo é o quanto você consegue evitar se iludir. Ninguém precisa armar contra si mesmo, mas todo mundo faz isso um pouco. São os abafamentos diários os males mais ariscos, as palavras não ditas, os medos não compartilhados, as vergonhas alheias, as opiniões não dadas, o medo de machucar...É desse modo que se morre aos pouquinhos, lentamente. E com 25 anos, você vai percebendo, porque fica mais fácil.