sexta-feira, 31 de julho de 2009
Teoria número dezenove: sobre textos e pessoas
Acho que isso acontece com as pessoas também.
Só que com elas, pelo menos comigo, sempre foi ao contrário do texto: cada indivíduo que foi importante na minha vida, eu gostei de prontidão, de bate pronto. Tudo sempre funcionou meio que no tato. Nos olhos, sorrisos ou em conversas aleatórias sobre qualquer coisa. Meus melhores amigos nunca precisaram ser trabalhados ou “lidos” várias vezes para que eu os compreendesse. Assim como as paixões que tive, sempre foi alguma tensão antes, algum olhar, o modo como segurava a mão, se preocupava de um jeito diferente, fazia caretas ou falássemos de qualquer assunto com naturalidade.
Meu ponto é: os melhores textos e as melhores pessoas da nossa vida são aquelas que nos marcam à primeira vista. A primeira leitura. São essas pessoas e esses textos que você deve guardar para sempre, mesmo que depois de um tempo só reste lembranças.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Crônicas de um repórter novato - parte VII
Para mim era algo como: devo trair o modo como escrevo e conseqüentemente como enxergo o mundo? Devo me render agora? Já serei moldado? Pode parecer ingênuo, mas todas essas questões estavam passando pela minha cabeça, enquanto eu que deveria estar fazendo perguntas para entrevistada. Quando vi, o tempo já havia se esgotado e eu não tinha feito nenhuma pergunta. Porém tinha anotado algumas das respostas que ela dera.
No final, acabei escrevendo como eu gostaria, como eu achava mais atraente. Não aquela maçaroca toda de informação sobre o seu trabalho, mas algo como um perfil, com voz narrativa do autor, tentando englobar o que acontecia por fora. Mas acho que não foi um bom texto também. Tenho uma teoria sobre os textos e sobre as pessoas, que vem logo em seguida para complementar essa crônica.
Enfim, não passei para a próxima fase, mas não fiquei decepcionado. Escrevi como achei que deveria. E mesmo que não tenha ficado bom na hora, sei que um dia invariavelmente posso acabar trabalhando lá e tentando fazer as coisas do meu jeito. Enquanto isso estou a procura de um estágio, porque a minha bolsa de pesquisa já acabou.
Então se alguém souber de algum, por favor, me avisem. =) haha
domingo, 26 de julho de 2009
Atualizações do Postagens temáticas
As atualizações, os temas, e todos os blogs participantes, as enquetes e quaisquer dúvidas estarão lá.
Abraço!
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Postagem temática
A partir daqui vou escrever em tópicos:
1) TODOS podem participar. É só deixar um comentário nesse post e ter um blog obviamente.
2) A partir da data de hoje 24 de Julho, tem-se dez dias para escrever a postagem, isto é, ele deve ser postado até o dia 3 de Agosto.
3) Seria interessante, mas não obrigatório, que quem participasse linkasse seu blog ao dos outros participantes para uma maior interação.
4) O primeiro tema, para simplificar as coisas, sou eu que vou sugerir. Não quero soar autoritário, isso só acontecerá na primeira postagem. A partir da segunda, se tudo der certo, gostaria que cada um dos participantes sugerisse um tema. O tema deve ser sugerido no final dessa primeira postagem. A partir disso, eu começaria uma enquete no meu blog, que durará cinco dias, a fim de escolher o próximo tema.
Da postagem:
1) A pessoa poderá postar apenas uma vez, dentro do período citado acima. Pode também misturar as mídias, postar fotos com texto, vídeos com texto, fotos com vídeo, enfim.
2) Não há limite de caractere.
3) A única coisa é abarcar o tema.
4) Ao lado do título da postagem deve vir escrito postagem temática, ex: Título – Postagem temática
Do tema:
1) Bom, a primeira postagem será bem abrangente. E de uma única palavra apenas: Máscaras.
Agora está lançado. Máscaras de qualquer tipo. De qualquer forma. Sobre o que você quiser, como quiser, onde quiser, porque quiser. Máscara deve ser o cerne do texto. Foi!
Obs: qualquer dúvida, só perguntar.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
1848
Na descida da rua
A porta encontrei
Coberta por manto
Dez dedos em união
Para fora surgiam
Da casa, do medo
Mutualmente se maculavam
Bebidas no copo
Pedem lembranças
“coisa assim não pode ocorrer”
Você me diz
Pois vi com esses olhos
E eles observam os senhores
Duas mãos escorregando
Por trás do manto
Não havia braço
Não havia corpo
Apenas dez dedos no escuro
Me esperando
sábado, 18 de julho de 2009
2011
‒Mesmo?
‒Sim
‒ Deveria colocá-lo mais vezes. Não só quando fosse dirigir, ou ler alguma coisa.
‒ Ah, obrigada, mas não gosto muito. Faz eu me sentir velha.
‒ Velha? Mas você mal completou 20 anos...
‒ Eu sei..
‒ Ficou diferente, charmosa...me lembra alguém. Olha pra frente. O Sinal...
‒ Eu sei. Já que você gostou, posso usar mais vezes, então.
‒ Essa parte da cidade pode ser perigosa, ainda mais nesse horário.
‒ Haha, é verdade, mas relaxe eu sei o que estou fazendo. Posso ter tirado a carteira há pouco tempo, mas esse caminho eu conheço.
- Tudo bem, eu confio em você.
‒ É?
‒ E você realmente ficou bonita com esses óculos.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Do centro para os arredores
Primeira parada em que desci é a que todo mundo que vai para Curitiba certamente deve ir, o Jardim Botânico. Um pouco antes do desembarque duas gurias, que se encontravam atrás do meu assento, conversavam sobre o fim do diploma para exercer a função de jornalista, revoltadas com a não mais obrigatoriedade da graduação. Uma delas usava uma meia calça preta e uma saia curta, que se prolongava até um pouco antes do joelho. Fazia o tipo indie com óculos diferentes, alguma roupa moderna tentando parecer retrô. A outra era mais discreta, porém parecia mais irritada. Deveria ser a colega de jornalismo. Desci devagar do ônibus que ficou parcialmente vazio. De fora já podia se ver o desenho bonito que os arbustos verdes delicadamente moldados faziam no enorme espaço do Jardim.
Como era domingo, havia bastante turistas, tirando fotos, todas iguais, na frente da grande estufa, ou na entrada. Todos posando. Não gosto de fotos totalmente posadas, quer dizer, tiro algumas, mas prefiro aquelas que sejam desprevenidas, ou de um ângulo diferente. Em que se possa explorar um pouco mais da criatividade. E o Jardim Botânico é um ótimo lugar para isso, pena que o tempo era curto. O que sempre me chamou a atenção nesses lugares cheios de flora é o modo como ela é agrupada. De alguma forma todas as coisas do mundo mantém um caminho. Até as árvores, até as pessoas.
É claro que não poderia faltar a clássica foto da estufa transparente, branca, agrupando inúmeras plantas e um pequeno córrego artificial.
Os prédios circundam o verde. Formam labirintos em volta deles, ajudam as pessoas a se confundir e a se poluir ainda mais. Curitiba é abençoada por causa dessas ilhas de verde. O Jardim Botânico é só um dos diversos parque que ela possui - e dos que eu vi não é nem o mais bonito.
Na volta ao ônibus turismo, as gurias sentaram mais afastadas, procurei o olhar delas como em outrora, mas elas já deviam falar de outras coisas. Os problemas seguem as pessoas. Para qualquer lugar que você vá. O negócio é enfrentar, mesmo que seja o diploma, ou qualquer outra irritação.Próximo ponto e um dos meus favoritos, é o Museu Oscar Niemeyer, o maior da América Latina , segundo a explicação da voz gravada dentro do ônibus. Que dizia a informação de cada ponto turístico em, no mínimo, três línguas: português obviamente, espanhol e inglês. Arquitetado pelo próprio Nimeyer, é um dos grandes monumentos culturais da cidade. Também é conhecido como o "Grande Olho", como vocês podem conferir na foto aqui do lado.
Na parte interna, onde se encontravam as pinturas, esculturas, enfim, poderia se tirar fotos, com a condição de que não fosse usado o flash e de que não poderia se tirar apenas da obra. Ou seja, era preciso pensar em como tirar as fotos, isso foi um pouco do que saiu:
E uma do seu interlocutor aqui, pousando (justamente o que ele disse que não gostava). O legal é que é uma pintura na parede, uma colagem acredito, bem criativa.
continua...
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Quem sabe agora você possa me mostrar aquela canção no violão
sábado, 11 de julho de 2009
Do céu para a terra
O vôo foi rápido, calmo, sem nenhuma turbulência. Em cerca de uma hora ele pousava no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, cidade vizinha de Curitiba no Paraná. Como fui parar lá? É outra história e não interessa para todo mundo. Fui porque surgiu a oportunidade e embarquei nela. De câmera, gravador e todas essas coisas que a gente tem que carregar.
Estava ansioso por toda uma nova cidade para explorar, o que aquelas ruas não me trariam? Que cenas eu presenciaria? O que de bonito e de feio tem na cidade?
A primeira coisa que conheci foi o hotel, mas fiquei pouco tempo, logo pus os pés na rua. O centro da cidade. A rua XV de Novembro. Era domingo e o centro obviamente estava vazio, mas já era possível ver uma qualidade que me chamaria a atenção, a limpeza e a organização das ruas.
Esses pisos em forma de lajota cinza com algumas marcas me lembraram algumas ruas do centro de Porto Alegre. Mas foi só isso. Porto Alegre era outra cidade e não deveria ser lembrada no momento. Curitiba e tudo o que ela poderia proporcionar sim. De tarde começaria a tour de verdade, onde os principais locais da cidade estariam aqui perto de mim. Não tão longe quanto, quando eu me encontrava no céu.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Só para lembrar mais um
Outra coisa interessante de viajar é conhecer pessoas diferentes, além dos vários pontos turísticos. O que mais me impressiona em Curitiba é que tudo é muito bem organizado. Rampas para deficientes, nenhum lixo na rua, no centro não há muito trânsito, as pessoas podem caminhar tranqüilas. É ótimo.
Mas esse post é para ser bem rápido mesmo, porque preciso almoçar e ir para outros lugares conhecer mais a cidade e não ficar parado num Lan. Na próxima postagem provavelmente já estarei em Porto Aelgre. E com muitas lembranças.
sábado, 4 de julho de 2009
Meu final
‘A gente nunca sabe o que pode acontecer’, diz a esposa, segurando uma bolsa rasgada entre as mãos, espremendo-a e depois soltando, depositando toda a raiva no pequeno compartimento. Ela e os filhos aguardavam na sala de espera algum prognóstico. Relutei em ir ao seu encontro, mas eu tinha que me manter perto, pois uma ótima pauta poderia estar nascendo. Tinha que roubar alguma declaração, descobrir o que realmente havia se passado. Algo assim teria que aparecer no jornal depois. Poderia até virar um livro. Seria o meu texto, algo trágico, para que eu fizesse um retrato sensível e humano. Não é desse jeito que as coisas funcionam?
‘A gente nunca sabe o que pode acontecer’, ela repete calmamente, mas quase estourando pelos olhos. Eu, anotando cada palavra, observava ali uma futura mina de ouro. Os filhos ainda pequenos, só aumentariam a dramaticidade. “A vida é estranha, as coisas podem mudar do nada”, ela dizia, chorando e conversando comigo, talvez achando que eu fosse da polícia, ou algo assim. As coisas só melhoraram depois que chegou o médico. Imagino até como escreveria essa cena, talvez o parágrafo final do meu texto:
“O cirurgião finalmente chega à sala de espera, e é como se todo o hospital ficasse em silêncio. Ansiando o resultado, a esposa de Carlos retira os filhos da sala, eles seguem com a avó para um recinto ao lado. O cirurgião rotineiro que atendia naquela noite fala quase que prosaicamente, como se dissesse um “bom dia” ao seu colega de trabalho, que infelizmente Carlos, o porteiro, o homem alto, estava morto. Não foi como se o hospital todo tivesse implodido, mas a analogia cairia bem a esposa do falecido. Falando coisas sem sentido ela caiu aos poucos, desmanchando por sensações.”
Obs: Até, Porto Alegre!
quarta-feira, 1 de julho de 2009
O essencial é que as perguntas estejam certas
É com esse espírito do mestre Mario Quintana que pretendo iniciar esse mês de julho. Sempre imaginei que o maior poeta porto-alegrense permanece, de certa forma, vivo, presente naquelas manhãs de frio de Portos Alegre, cobertas por uma densa neblina – semelhante ao famoso “fog” londrino. É por ali que o vislumbro, caminhando calmamente, espalhando versos pelos quatro cantos. Sorrindo e sendo, como sempre, melancólico e doce. Mas ao mesmo tempo arisco e suave.
De certa forma, são características que fazem dele um artista único e lhe dão certo charme e dignidade em relação a outros poetas. Talvez essa seja a faceta que mais me chame a atenção, como esse retrato singelo e afiado sobre acontecimentos mundanos:
Da Observação
“Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...”
Tudo se torna um pouco mais simples depois de se ler algum poema de Mario Quintana. Ele mesmo já dizia que não se pode fazer interpretações de um poema, o poema mesmo já é uma interpretação de algo. Logo, a maioria dos seus poemas são diretos e devem ser simplesmente entendidos, ou ignorados.
Vou viajar próximo domingo, espraiar a cabeça e conhecer uma nova cidade. Será ótimo para colocar as coisas em ordem. Talvez a próxima postagem eu já esteja em outro estado. Mas sempre com as palavras de Quintana na minha cabeça.
Poeminha do Contra
"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"