domingo, 31 de janeiro de 2010

Teoria número vinte e cinco: sobre os nossos diferentes tipos de construção

Você vai impermeabilizar aquela casa, o telhado, a caixa da água, para não haver nenhuma possibilidade da substância líquida entrar. Vai observar se existe algum vazamento anterior, talvez um pequeno buraco na superfície, afinal de contas qualquer coisa malfeita pode estragar o seu trabalho.

Assim como o meu.

Eu também preciso impermeabilizar todas as frases do meu texto para ver se não há algum ponto que possibilita a entrada de erros, de críticas. Vou sempre observar a construção do nexo entre as sentenças, a originalidade e o modo como vou prender a atenção do meu leitor.

Do mesmo modo que você deve prender a atenção do seu cliente, explicando para ele o que ele deve evitar depois que você fizer o seu trabalho de não deixar a chuva invadir o patrimônio dos outros. De não deixar o mofo tomar conta das paredes e estragar toda uma casa.

Eu também não posso deixar o mofo invadir o meu texto e o meu estilo de escrever. Tenho que sempre observar a narrativa de diferentes ângulos e traçar toda uma armadilha para quem estiver lendo seja surpreendido. Ser original é necessário para não ficar mofado, verde cor de musgo no canto.

Você usa um material chamado mantas asfálticas para proteger o seu trabalho e eu também uso um manto. Um manto invisível para esconder a sub narrativa – aquela que justifica e dá valor ao bom texto – e deixo a narrativa de boas vindas mais à mostra – aquela que é a mais ilustrativa, aquela que é a mais superficial.

Sim, nós dois somos construtores e – mais do que isso – somos excelente no que fazemos.

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