terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dos ambientes

Escrever não começa quando você senta na sua cadeira em frente ao computador e muito menos tem início no momento em que os seus dedos deslizam no teclado, formando as palavras. Para conseguir escrever qualquer tipo de texto com qualidade – importante frisar isso –é necessário, antes de tudo, pensar no ambiente. Pois escrever realmente começa quando você, além de ter uma boa ideia, possui o ambiente certo para expeli-la.


E ao referir-me a ambiente não penso apenas no local em que a pessoa se encontra, mas principalmente no seu estado de espírito, de consciência. O ambiente interno, invariavelmente, influi – e muito – nas suas ideias perante o texto. Mesmo que seja um texto não ficção, onde se trabalha com dados concretos e sobre pessoas que normalmente não se tem maiores conhecimentos.


No caso do texto jornalístico, destinado a vários tipos de leitores, é necessário que as suas aflições perante outros problemas ligados a sua intimidade sejam suprimidas momentaneamente e que a atenção, os medos e os problemas, virem-se apenas para o objeto a ser dissertado.Isso mesmo, todos os seus sentimentos devem-se “casar” com o texto que escreve. Andar de mãos dadas. Seus problemas serão substituídos pelos problemas do texto e você deverá resolver esse delicioso quebra-cabeça, que é escrever.


Na ficção é um pouco mais complicado, porque você trabalha normalmente com dados inventados pela sua cabecinha e tudo que de mais louco e mais normal há dentro dela. Logo, só há um ambiente, mas esse ambiente origina milhares de outros que criarão a literatura. Na fantasia surreal que é imaginar não há limite para nada, assim como na ficção, assim como, de certa forma, na vida. É mais complicado escrever sem limites, porque não há regras, contudo, é o mais libertador e – para mim – necessário.


2 comentários:

gregtest disse...

Tu deveria escrever um tipo de 'manual para escritores', ficou muito bom esse texto e tu tem várias ideias 'meta-literárias'... Não que precisasse ser um manual, mas apenas algo mais substancial (um tipo de compilação) com estas tuas ideias sobre o ato de escrever...

Jessica Mello disse...

Eu concordo com a parte em que tu dizes em que é mais difícil escrever quando não se há limites. É muito mais fácil de se perder entre as palavras.