Ela não gosta quando Eduardo estala as mãos daquele jeito. Dá tique. É a mesma coisa quando o giz canta errado no quadro escuro, que na maioria das vezes é verde. Mas Eduardo gosta de estalar as mãos e os pulsos. Quando ele pode, estala as costas também. E os pés. É possível sim. Só não é muito bonito de se ver.
O problema é o tique. A cada cinco minutos ele estala alguma coisa no corpo, criou o hábito maldito. Ela não aguentaria aquilo pelo resto da vida. Poderia suportar os amigos idiotas dele, o futebol, o modo como preferia dormir sem meias (mesmo com o pé gelado encostando nas coxas quentes dela). Poderia suportar tudo menos os estalos.
E eles só aumentavam.
E às vezes basta só um estalar de dedos para tudo desabar. Mais uma dessas porcarias e eu vou embora, disse no meio do quarto, enquanto Eduardo fazia a série de manias matutinas logo após acordar.
TREC – TREC – TREC.
Você não ouviu que mais uma vez eu ia embora?
TREC – TREC
Eduardo, seu imbecil..você tá ao menos me ouvindo?
TREC
Acabou essa droga? Pode me ouvir agora?
O que você tá falando tão cedo? Não dá nem para acordar agora?
Essa sua mania imbecil de estalar? Quantas vezes eu já lhe disse..
Peraí...
TROC TROC
Eduardo?
TROC
...
O que foi agora?
Dez horas da manhã quando ela juntou as roupas numa mala e se mandou embora para a casa da mãe, enquanto Eduardo, quase como um acrobata, estalava as costas na cama ao mesmo tempo em que tentava convencê-la de ficar.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A la Tourette
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2 comentários:
É isso aí, sem estralar! :D
Adoro estalar os dedos, mas tudo tem limite.
Uma vez, conheci um cara que estalava tudo, assim como o Eduardo. Diria até que talvez seja ele.
;)
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