quinta-feira, 20 de maio de 2010

A la Tourette

Ela não gosta quando Eduardo estala as mãos daquele jeito. Dá tique. É a mesma coisa quando o giz canta errado no quadro escuro, que na maioria das vezes é verde. Mas Eduardo gosta de estalar as mãos e os pulsos. Quando ele pode, estala as costas também. E os pés. É possível sim. Só não é muito bonito de se ver.

O problema é o tique. A cada cinco minutos ele estala alguma coisa no corpo, criou o hábito maldito. Ela não aguentaria aquilo pelo resto da vida. Poderia suportar os amigos idiotas dele, o futebol, o modo como preferia dormir sem meias (mesmo com o pé gelado encostando nas coxas quentes dela). Poderia suportar tudo menos os estalos.

E eles só aumentavam.

E às vezes basta só um estalar de dedos para tudo desabar. Mais uma dessas porcarias e eu vou embora, disse no meio do quarto, enquanto Eduardo fazia a série de manias matutinas logo após acordar.

TREC – TREC – TREC.

Você não ouviu que mais uma vez eu ia embora?

TREC – TREC

Eduardo, seu imbecil..você tá ao menos me ouvindo?

TREC

Acabou essa droga? Pode me ouvir agora?

O que você tá falando tão cedo? Não dá nem para acordar agora?

Essa sua mania imbecil de estalar? Quantas vezes eu já lhe disse..

Peraí...

TROC TROC

Eduardo?

TROC

...

O que foi agora?

Dez horas da manhã quando ela juntou as roupas numa mala e se mandou embora para a casa da mãe, enquanto Eduardo, quase como um acrobata, estalava as costas na cama ao mesmo tempo em que tentava convencê-la de ficar.

2 comentários:

Anônimo disse...

É isso aí, sem estralar! :D

Leila Ghiorzi disse...

Adoro estalar os dedos, mas tudo tem limite.

Uma vez, conheci um cara que estalava tudo, assim como o Eduardo. Diria até que talvez seja ele.
;)