A nosso foto juntos ficou uma droga, Lucas. Que pena, mas fotos no impulso não costumam dar muito certo. Fico triste porque queria tê-la para ver a sua cara de espanto. A sua cara de espanto quando eu tirei a máquina da minha bolsa, te puxei para tirarmos a foto. Mas ela ficou ruim. A máquina já ta velha, a coitadinha. Foi engraçado o nosso encontro e é uma pena que tenha que lhe enviar uma foto assim, feia, toda escura, em que só se pode ver o contorno mal feito do que seriam os nossos corpos. Estou te mandando por carta e não por email, porque acho mais legal. Às vezes sou old, sabe? Gosto de coisas meio retro, e de filmes antigos, a lá Audrey Hepburn.
Aliás.
Você murmurou algo de que estava indo ao cinema aquele dia, que filme foi ver? De que tipo você mais gosta? Estou com uma curiosidade enorme, desculpe, eu sei. Na realidade, estou sozinha por aqui. Me mudei há pouco tempo para essa cidade. A gente deveria conversar mais. Não sei. Vou lhe passar meu telefone para você me ligar. Espero que não me ache maluca por isso. Não vai me achar, né?
Sei que não. Aquela maçã ainda ta por aqui, eu nem queria a maçã, eu nem gosto de maçã para falar a verdade. Ela ainda está aqui se você quiser. Meu número 57489214.E temos que tirar uma nova foto, dessa vez melhor.
Francine G.
Obs: A ilustração desse mês é minha mesmo, por isso que não está muito boa. Mas valeu a intenção.
Para acompanhar a história de Francine G. e Lucas Felt, leia os posts anteriores:
Notícia que só a rua João Sabiá viu
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