Eu tenho que vencer o cara burocrático para ser o que eu quero ser. Há dentro de mim alguém que me prende quando almejo algo maior, alguém que bate no meu ombro e diz coisas como, “por que você quer tentar o mais complicado para fazer melhor? vá pelos caminhos conhecidos, faça várias coisas até chegar lá, perca muito do seu tempo....”. Daí eu parto para as minhas artimanhas para distraí-lo, trancá-lo em alguma porta do meu subconsciente maldoso. Acontece que algumas armadilhas já não funcionam mais. Ele já descobriu como destrancar o cadeado e se libertar das minhas correntes. Mas, por enquanto, eu sempre dou um jeito. Nunca quero ser tomado pelo cara burocrático que há em mim. Um dos melhores remédios contra ele é recitar aquele belo poema do Manuel Bandeira:
“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.
- Não quero saber do lirismo que não é libertação.”
2 comentários:
ah, nunca deixe o cara burocrático vencer, rafa.
e eu adoro esse poema.
=)
Olá, prazer! Deixe-me apresentar. Sou bixo jornal/2 e lhe encontrei na comu dos bixos/1. Visitei seu blog e fiquei maravilhada. Meu objetivo na facul é aprender a escrever de modo diferente, fugir do modelo da dissertação, aprender várias formas de expressar uma mesma ideia. Como diz em teu perfil, se formos copiar, que copiemos dos bons. Por isso, pretendo estar sempre visitando teu blog para que consiga atingir essa maneira leve de se escrever, que tem um bom português, mas de linguagem fácil para quem aprecia o texto. Te espero também em meu blog, abraços.
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