domingo, 7 de fevereiro de 2010

Meu outro eu

Duas e meia da manhã e eu sozinho, quando um barulho vindo da sala chama a minha atenção. Observo pela janela do quarto que alguém abre o portão de entrada de casa. No entanto ninguém, além de mim e dos meus pais possuem a chave certa para isso. Corro até a sala e tranco a porta com o trinque, coloco uma cadeira para dar mais peso e suporte à porta. Como isso poderia ocorrer? Meus pais estariam bem? Foram viajar há umas duas semanas e só voltariam no fim do mês. Roubaram a chave deles. Será que roubaram a chave deles. O negócio é ligar para a polícia.

Duas e meia da manhã quando eu chego em casa vindo da festa da Luiza, estranho que ainda há uma luz ligada no meu quarto. Me lembro de ter apagado todas antes de partir. Meus pais já teriam retornado? Eles só voltariam no fim do mês...não, não pode ser. Bebi demais e estou imaginando coisas. Parece que há movimento dentro de casa. Agora a porta de casa...como assim trancada por dentro? Com o trinque? Que porra está acontecendo aqui..

Ligo as luzes da rua para o intruso perceber que há alguém em casa, disco o número da polícia enquanto observo pelo olho mágico para ver alguma movimentação. Dá para ver as costas do indivíduo, é alguém da minha estatura, com a mesma cor de cabelo: castanho escura. Foi quando ele virou, assim pelo lado esquerdo, falando algumas coisas sem sentido, que eu reconheci o timbre. Depois vi que também conhecia a camiseta, os tênis, o rosto. Era igual a mim. Era eu? Como poderia ser eu ali fora? E aqui dentro também? Eu de pijama e eu lá fora. Isso não existe. É alguma pegadinha? É melhor abrir a porta e ver o que está acontecendo realmente...

Qual é a melhor coisa a fazer numa situação dessas? Ligar para a polícia. Quem quer que esteja lá dentro é um idiota. Se trancar e ficar lá parado. É alguma bobagem. Pegadinha do Thiago. Só poder ser....Aquele filho da puta do Thiago. Mas ele não teria como fazer cópia da chave. A luz ligou. Que espécie de bandido ligaria a luz? Há algo estranho por aqui... barulho na porta, o trinque....

- Quem é você, porra? Que brincadeira sem graça é essa?

- Quem é você é o que eu pergunto...E o que você faz na minha casa?....peraí.... o que é isso? Você é igual a mim! Eu bebi mais do que o normal na festa da Luiza...só pode ser isso..

- Como assim? Você que é igual a mim. Onde arranjou essas roupas? E a Luiza? Você conhece a Luiza também?

- Isso só pode ser uma espécie de brincadeira...

- Sim, uma droga de brincadeira...

- Ou um sonho, um maldito sonho.

- Nós somos iguais, e isso é impossível...

- Sim, é óbvio que eu conheço a Luiza. E finalmente consegui ficar com ela hoje, depois de muito tempo!

- O que? Com a Luiza? Eu gosto dela desde que a conheci! Como pôde? Mas peraí..se você é igual a mim então...

- Ficamos com ela, Rodrigo!

- Então ela sempre gostou de nós?

- Sim, você deveria ter ido lá..

- Mas acho que eu fui de certa forma...agora entra aqui em casa e me conta tudo, quero saber todos os dealhes...

Um comentário:

Juliano disse...

Muito boa a história, mestre. Sério mesmo. Gostei.