sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"...mas o amor não existe para fazer a gente feliz?"

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O criador da fantástica série em quadrinhos Peanuts morreu hoje há dez anos e pouca gente comentou sobre o assunto. A franquia é conhecida aqui pelo nome do protagonista, Charlie Brow, um dos mais célebres personagens já criados. Sua história durou cerca de cinquenta anos sendo publicada em vários jornais ao redor do mundo.


Charlie era o espelho de Schulz, da sua infância, dos seus problemas pessoais talvez nunca resolvidos. Havia muitas semelhanças entre os dois, mas a melhor de todas é a da idealização em cima da garotinha ruiva. Ironicamente, ela realmente existiu na vida do autor, chamava-se Donna Mae Johnson. A biografia autorizada de Schulz, Peanuts and Shulz: A biography de Harper Colins ,explica que o desenhista chegou a pedir a moça em casamento na década de cinquenta e ela recusou. O criador do Snoopy acabou amargando a rejeição pelo resto da vida.


E a garotinha ruiva se transformou no principal fantasma de Charlie.


É das minhas lembranças mais remotas eu me encontrar no meu quarto assistindo a um desenho da série. Nele, Charlie por sua vez também assistia à televisão, só que acompanhava um jogo de basebol. De repente ele viu uma garotinha ruiva, complexamente linda na arquibanca. Era certo, obtuso e juvenil: Charlie estava apaixonado. A partir disso, sua fixação na moça misteriosa só aumentava. Dividia o seu problema com os amigos, com o seu fiel e romântico cachorro Snoopy, e traçava planos para encontrá-la. Mas nunca chegou perto e quando chegou, nada fez.


Era medo que ele tinha. Era rejeição e receio por não ser aceito, era receio de destruir toda aquela imagem de que nós construímos da outra pessoa. Charlie Brown de certa forma é feliz porque nunca cresceu. Ficou estancado na metáfora daquele amor idílico que perseguimos principalmente na juventude: o platonismo tão fugaz, tão intenso e tão inerente ao ato de ser.

"...mas o amor não existe para fazer a gente feliz?"


Nem sempre, Minduim, nem sempre.


Aqui vai uma das minhas tiras favoritas: talvez porque eu tenha tido uma irmã, quando eu já tinha uns 10 anos. Essa sensação me é extremamente conhecida. Simples e encantador, nenhuma tirinha faz isso atualmente.



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Para os puristas: sim, há um episódio em que Charlie beija a mocinha ruiva, mas ele não foi autorizado pelo autor. Seu rosto nunca realmente chegou a aparecer na série em quadrinhos, foram só os produtores de TV sempre astutos por mais audiência que inventaram tal trama.

Um comentário:

Pam disse...

bah.. eu nao consigo ver os quadrinhos
:(