Pode entrar. Eu já arrumei toda a casa, troquei os móveis e as cortinas, coloquei novos lençóis. Também comprei uma roupa especial só para te receber. Abandonei o passado, disse obrigado e falei “até nunca mais”, abanando. Foi bom, mas com você será muito melhor. Sim. Eu já fiz todas as listas possíveis das coisas – tudo, tudo – que faremos juntos. Enumerei os livros, os filmes, as atividades, esbocei os planos mais mirabolantes que já ouviste falar. É, verdade, pode entrar. Que a porta já está completamente aberta, é só chegar. E mudar tudo novamente, transformar o marasmo do fim em aquele turbilhão do início, cheio de possibilidades – que todos vão adorar. Solta os ponteiros, porque é praxe, mas a vida sempre tem reinício, a vida sempre tem mais uma chance. Não se acanhe, pela última vez antes do fim geral: Pode entrar.
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