segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Obituário de quatro patas

Foi aos 14 anos, depois de muito latir no pátio dos fundos de uma casa que existe há quase 50 anos na rua Tomaz Edison em Porto Alegre, que o cachorro de nome Branco, mais carinhosamente conhecido como Branquinho, faleceu na tarde de hoje. Não era daqueles cachorros mais amáveis, que aceita carinho por qualquer besteira: era preciso conquistá-lo aos poucos. É verdade que a velhice o deixou mais tenro e mais suscetível a afagos pedintes. Mas no fundo dos olhos já esbranquiçados podia-se ver o velho orgulho ainda forte. Aliás, forte era uma boa palavra para determiná-lo. Nem o câncer na próstata o impedia de tentar levantar nos últimos dias. Era triste vê-lo deitado, abatido por uma doença que se propaga rapidamente e o pior de tudo, silenciosamente. Exatamente o contrário da sua personalidade, sempre latindo, sempre alerta. Agora, os moradores da casa de meio século da rua Tomaz Edison não sabem como vão conseguir dormir sem o conhecido uivo noturno que os acompanhava há tanto tempo. Ele não deixou filhotes, infelizmente não propagou para a humanidade um pouco da bravura – que tanto falta a alguns indivíduos.

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