Foi aos 14 anos, depois de muito latir no pátio dos fundos de uma casa que existe há quase 50 anos na rua Tomaz Edison em Porto Alegre, que o cachorro de nome Branco, mais carinhosamente conhecido como Branquinho, faleceu na tarde de hoje. Não era daqueles cachorros mais amáveis, que aceita carinho por qualquer besteira: era preciso conquistá-lo aos poucos. É verdade que a velhice o deixou mais tenro e mais suscetível a afagos pedintes. Mas no fundo dos olhos já esbranquiçados podia-se ver o velho orgulho ainda forte. Aliás, forte era uma boa palavra para determiná-lo. Nem o câncer na próstata o impedia de tentar levantar nos últimos dias. Era triste vê-lo deitado, abatido por uma doença que se propaga rapidamente e o pior de tudo, silenciosamente. Exatamente o contrário da sua personalidade, sempre latindo, sempre alerta. Agora, os moradores da casa de meio século da rua Tomaz Edison não sabem como vão conseguir dormir sem o conhecido uivo noturno que os acompanhava há tanto tempo. Ele não deixou filhotes, infelizmente não propagou para a humanidade um pouco da bravura – que tanto falta a alguns indivíduos.
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