segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carta 06

Demorei um tempo, eu confesso, para esquecer aquele amor. Nem sei se é o termo correto esquecer, acredito que está mais para algo como abandonar. Você sabe, uma hora é preciso abandonar.


E, em uma relação, há sempre o que abandona por último, que afunda com o barco. Há verdade na frase linda do Caio Fernanda Abreu, quando ele fala sobre remar, “Não para de remar não, porque te ver remando, me dá vontade de não querer parar de remar também...”. Embora você tenha parado de remar há muito tempo, eu não percebi. Talvez eu não olhasse para o lado o suficiente.


Agora, eu sei.


Agora a gente sabe o quão necessário é olhar para o outro lado. E embora eu tenha sim abandonado esse amor, eu não naufraguei, eu pulei daquele barco, daquele jeito. Era a melhor opção no momento e, analisando agora, continua sendo.


Amor sem divisão é castigo. Amar sozinho é invenção.


Ao pular do barco a gente percebe o quão rasa a água é, diferentemente do que pensamos enquanto estamos lá em cima. Eu pulei e não me molhei nada, eu pulei e só os meus pés ficaram ensopados.


E, assim, a gente sempre está pronto para caminhar novamente.

Um comentário:

Lilian Moretti disse...

Caro colega, eu gostei muito do texto acima, isso relata bem a vida como ela é, muitas vezes pensamos que tudo está acabando, mais a vida só está começando, me vi varias vezes em alguns desses textos e tenho que te dar os parabéns..