domingo, 18 de maio de 2008

Sete andares

Não era como imaginava. Eu não estava pronto, ninguém tinha avisado, não foi como em uma porra de filme de Hollywood, onde dá para prever o momento, e a fotografia, o cenário e as interpretações convencem você que é tudo um mundo irreal. Ao contrário, foi cru, como tirar um dente ao seco, sem anestesia, ou ter um filho no elevador, num carro, sem nada. Bem desse jeito que eu observei o seu cair, e o modo como dançava, tristemente, acabando o espetáculo para sempre. E eu vi sem querer, olha só, não sou daqueles que cuidam da vida dos outros, que não respeitam a privacidade, eu não, sou homem fechado e sempre fui. Vi sem querer ver, mesmo, acho que era para ser assim, sabe? Acho que era...acontece que fui do nada na janela, buscar o ar da noite, quieto, cansado do dia, e olho para o prédio em frente e vejo a dança dela. Sete andares, caindo com a noite, fechando a noite, sete drogas de andares dançando. Pensei que estava sonhando, ou algo assim, mas o seu baque, o barulho, forte e contido na calçada, acordou-me para a realidade. Deus, eu não sabia nem o nome dela, nem o nome dela...

3 comentários:

Pricilla Farina Soares disse...

Me lembrou nitidamente a cena do 'Número 23'...Já viu o filme Rafa?! :}

:**

Mademoiselle Cristiana disse...

" única vez que vi seu rosto
Ela pulou do último andar
Não sei seu nome, onde ela mora,
E o porquê disso que ela fez
Não, não, não, não, não, não...
Mas o jeito que ela me olhou
Era difícil de esquecer
Não sei se era solidão, alívio
Ou se era desespero
Não, não..."

Rafael Gloria disse...

bah, gente
vi esse filme sim, mas foi há um tempo atrás.
não pensei na hora que escrevi o post.
mas, não sei, tudo fica no subconsciente, não?
de repente pude ser influenciado.
eu ia colocar do quinto andar.
mas achei melhor do sétimo, pois acho o número sete, tenebroso.
ehhe
beijos!