sexta-feira, 30 de maio de 2008

Obstáculo 5

Há tantas coisas diferentes ao redor de nós. Uma parede falsa, beijos mentirosos, verdades que insistem em cair a toda hora (nas quais eu sempre acredito). Porém, o mais difícil de encarar é o modo de como nunca nos olhamos – ou fingimos não. Somos despercebidos, desapercebidos, por meio de ruídos comunicacionais dos lábios, das pupilas – ambas castanhas – , da pele. Mas não da vontade interna. Essa pulsa viva, acordada, ruindo-nos, naufragando as nossas ânsias, que de algum jeito, insistem em continuar querendo surgir entre os nossos meios, exalando pelas mãos. Sempre a droga do muro, o medo de tentar alguma coisa sem saber se terá sucesso. Tudo nos tranca, é impossível seguir em frente com o cadeado do silêncio chato (não o silêncio dos amantes, mas a quietude amarela, quase nojenta e prosaica de um elevador, ou de velhos amigos que não tem mais assunto). “A poesia é incomunicável. Fique torto no seu canto. Não ame.”, como diria Drummond, não faço coro ao mineiro, pois não sou de ferro – perco -me em besteiras diárias. Só queria dizer que os nossos olhos, eles sim, são incomunicáveis.

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