E l e g a n t e m e n t e ela tira a roupa – peça por peça arrancadas devagar. O silêncio toma conta do ambiente e são apenas dez para nove da noite. As pernas torneadas ensaiam passos, enquanto os olhos de Eduardo já dançam. Fernanda só caminha, sentindo uma coceira suave no pé nu ao arrastá-lo pelo carpete. Algo muda quando vai até o rádio e coloca o CD, a música suave, como se cantasse para o amante no meio da noite, deixa o ar cheio de fugacidade. Devagar, ela também começa a cantar, manhosa, sentindo que seu coração pode parar a qualquer momento. Está sim, mais próxima de Eduardo, está sim só de calcinha e sutiã. O ritmo da música aumenta e várias vozes fazem o backvocal, tudo seguindo para o fim. Ela ainda não quer, ele sabe que ainda não é a hora. O cabelo preto curto, e o sorriso grande de Fernanda não escondem nada. O desespero observador de Eduardo e o modo como a segue com os olhos não escondem nada. O amor está nas coisas anteriores.
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