segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Lá fora tudo é medo.

“É o começo do fim”, ela me disse.

E sim era verdade.

“Começo do fim do quê”, perguntei sem querer,

já sabendo do que ela falava com muita clareza dos fatos.


Como dois mais dois são 4.

Como sei distinguir uma notícia de uma enrolação.


“Agora, isso, essa divergência nossa”, me respingou e ficou quieta.

Passou a mão morena no meu ombro e tirou o meu cigarro da boca, apagando no cinzeiro em forma de concha na mesinha à frente.


“Então é aqui que a gente sabe que não vai dar certo?”, pergunto

e mantenho

“...para que continuar então, se não vai mais dar certo?”.

“Porque não tenho certeza, sabe, não tenho mesmo certeza se isso é um problema,

se você pode mudar a sua visão sobre isso,

ou se eu posso ceder...embora eu não seja de ceder...”


“Mas isso é se convencer, ninguém pode se convencer quando se fala de amor, não?”,

cutuquei, enquanto ela retocava a maquiagem barata.


“A gente ama e tenta nos convencer sempre”, ela me diz e me beija.


Enquanto as luzes dos carros alucinados iluminam o espelho da janela do apartamento dela.

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