sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Teoria número dez: sobre os instantes definitivos. (medos insuportáveis)

Eu ainda continuo aqui, enquanto vocês foram embora, afinal de contas, o meu instante definitvo, a minha chave conciliadora ainda não chegou. E mesmo que demore cinquenta mil anos, esquecido nessa motanha de quilômetros envoltos em estradas percorridas, eu vou me manter em pé, eu vou continuar sangrando. Agora, porque, é sempre assim, todo mundo tem o seu instante necessário, um medo que deve ser vencido, superado. Mas eu ainda não escolhi entre eles, eu ainda não senti o essencial. São os medos insuportáveis que me prendem no chão, que não permitem a minha mente imaginar as respostas para esses instantes, ou fazem ao contrário, me perdem pelo caminho, permitem-me escorregar pelas paredes, pelos chãos, sempre me fazendo fingir andar. Fingir pensar. Fingir que me completo com a situação. O negócio é combater o que não é visível, o medo não deve ser superado apenas pela vontade de descorir os instantes definitos, deve vir de dentro do corpo, escapar pelas mãos, pela pele e fabricar o próprio instante, aquele que a pessoa se descobre, se encontra, se mexe e vira outra coisa, com outra forma e capaz de sentir de novo jeito.

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