quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Com uma pequena ajudinha dos meus inimigos
“E se eu disser que ela ainda mexe comigo?”, fala Tomas para Evandro, levando o copo vagabundo de cerveja à boca. Onze horas da noite de uma quinta feira, véspera de feriado. Os dois conversam sobre Helena. A trouxa da Helena. O amigo interpreta: “mexe em que sentido? fica brigando, ou brincando contigo, ou ainda te balança e te faz ficar enjoado, quando tu vê ela?” O movimento afirmativo da cabeça de Tomas denunciou que se tratava da segunda opção. Ou talvez tenham sido seus olhos intactos, vidrados nos de Evandro, que estremeceram, quando ele mencionou do enjôo, do balanço. Lembrou-se da sensação que Helena passava, como se o deixasse a bordo de um navio, que oscila, sempre tonto. Ficaram ali sentados, um de frente para o outro, as garrafas esvaziando-se, o álcool invadindo tudo. Evandro expulsa o silêncio, gritando: “eu já comi a Helena!”. O que se ouviu primeiro foi um barulho estranho, como se a quietude retornasse apenas por um segundo e depois fosse expulsa por um tornado. Os cacos de vidro das garrafas no chão nunca foram tão vermelhos cor de sangue vivo.
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Um comentário:
gostei da linguagem!!!mais agressiva, sei lá...fez parecer bem real a cena.
adorei, Rafa!
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