Tem um cigarro?
Ele me perguntou no meio da rua. Não fumava, na realidade achava um nojo aquele vício, mas também não comentei. Apenas coloquei as mãos no bolso do casaco em tom de protesto, abanei a cabeça e respondi que não. Continuei a caminhar.
Era meio dia e meia e eu ainda não havia almoçado. A fome é uma das poucas coisas que me deixa irritado – além do calor e das frescuras. Graças a alguma entidade superior não era verão. E eu não era um cara de frescuras.
Caminhando até o restaurante mais barato que eu conhecia, um dos meus calçados grudou em uma laje do chão. Certo que era velho, sujo e maltratado, mas eu gostava daqueles tênis. Foi com esforço que lutei contra a maldita laje e desgrudei o sapato, que por sua vez perdeu a sola. Essa ficou grudada no chão, presa ao planeta Terra.
O cara do cigarro só observava a minha cena. Ria contido e merecia uma boa surra. Filho da puta a gente conhece de longe. Fui ao seu encontro assim mesmo sem um par de tênis e o derrubei no primeiro soco. A boca cheia de sangue agora não poderia fumar mais nenhum maldito cigarro.
2 comentários:
Me gustas tu así (agora mudo o idioma para não me repetir)!
=)
Já leu o conto "O meu amigo" do João Gilberto Noll? Tô querendo propagandeá-lo (e o desfecho é bem "soco no estômgago", como o teu - gosto mais dessa vertente)...
"ainda bem que não era verão"
mas com o calor de 40° que anda fazendo nem precisa ser verão pra deixar qualquer um irritado com o calor excessivo. hehe
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