terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre o meu avô

É difícil para mim se aproximar dele, e foi assim desde criança. Sempre tão distante, mas de certa forma tão próximo nas atitudes, como se nos comunicássemos por meio das aparentes ações: tal como assistir a um desenho antigo, ou ouvir os seus sermões que mostravam certa preocupação, e ainda as conversas sobre futebol - só para mantermos mais diálogos. Um fato sempre me surpreendeu, nunca o vi de completo mau humor. Já o pude conferir irritado com algum acontecimento taciturno, mas nada que durasse muito tempo, logo é possível ver o sorriso que o tempo ajudou a acarinhar no rosto enrugado. Poucas pessoas completam 79 anos e ainda se mantêm ativas, vivas, de cabeça e corpo com propostas a pensar. Ainda que ouvindo mal, ainda que não o compreendendo por completo, fui dar-lhe o parabéns. Algo que saiu tão impessoal da boca, mas se ele soubesse a carga de sentimento que todo aquele som carregou – assim como toda a dificuldade que tive para vencer a apegada timidez –, não teríamos ficado, mais uma vez, no vácuo.

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