quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mas é diferente agora que eu estou pobre e velho

Já imagino a cena: daqui a vinte anos estarei sentado na sala assistindo a um programa de esportes no computador-televisão, e meu filho entrará em cena – talvez tele transportado por uma possível beleza tecnológica –, perguntando: “paiiii, quem é esse tal de Guga?”. E eu responderei no ato, vivamente: “é o melhor jogador de tênis que o nosso país já teve, eu o vi jogar, ahhhh, aquela época que era tão boa”, e então iniciarei uma maratona nostálgica com a recordação da minha adolescência, do cursinho, da faculdade, do primeiro dia de trabalho, da festa, das amizades perdidas, das mulheres. E repetirei comigo mesmo, “que época boa”. É uma premonição anunciada do que – provavelmente – acontecerá, e eu tenho tanto medo. Porque não consigo me ver, só posso dizer o que pensarei, mas não como serei. Talvez porque o futuro não exista de certa forma, porque todos nós somos presentes. Logo, vou ser eu mesmo agora que estará daqui vinte anos e lembrará do passado, e recordará também que previ isso. É um igual totalmente diferente, a consciência alternada e modificada sempre olhando para trás, aproveitando o presente e aguardando, ou construindo, o futuro. Mesmo pobre. E velho.

Um comentário:

Pricilla Farina Soares disse...

hmm aquarianos têm esta mania de ficarem pensando no futuro...heheh
Nostalgia é uma das melhores coisas que têm,apesar de ser uma das sensações que mais nos fere tbm..
:*