domingo, 15 de fevereiro de 2009

"Chinaski, seu filho da puta!"

Bukowski olha para o lado e depois para o outro, não sabe se deve responder o chamado-xingão. Perdeu-se em seu próprio alterego. Quem bebeu mais, Henry Chinaski, ou Charles Bukowski? A que ponto eles se encontram, a que ponto a realidade atravessa a linha da ficção e vice-versa? No final, Buk (como era popularmente conhecido o escritor) acabaria virando, expelindo algum adjetivo de baixo calão e voltado a andar, normalmente, como se nada tivesse acontecido. Assim como os seus diálogos, com frases certeiras, diretas. Frases cortantes. Às vezes toda uma frase tem o efeito de apenas uma palavra. E é nesse momento que se encontra uma das maiores qualidades do velho safado: a crueza, seguida de uma ironia mórbida das palavras. Bukowski não esconde nada, muito pelo contrário, está tudo ali, pulsando. Seus livros não exigem reflexão demasiada, exigem escolhas. São histórias, no sentido universal, descritas sob a ótica de um autor que viveu anos na sarjeta, escrevendo em papéis sujos, brigando por comida e que conquistou um espaço por si mesmo. Um grande filho da puta – no melhor sentido da palavra.

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