sábado, 27 de setembro de 2008

Gerações musicais

Às vezes eu queria soar como aquelas músicas românticas dos anos cinqüenta, quando as pessoas cantavam com ternos engomados, sapatos lustrados, alguma substância melequenta no cabelo e com o coração na mão. Na mão, droga. Depois, eu penso melhor e imagino o quão pode parecer demasiadamente sentimental uma afirmação dessas, talvez, devesse pular uma década, imaginando-me nos anos sessenta, com a geração betlemaníaca. Dando gritos histéricos de guriazinhas idiotas, e crescendo junto com o quarteto de Liverpool, viajar nas suas canções, observar o amadurecimento das letras e das melodias, o modo como ditavam a moda, os cabelos, os bigodes, as drogas. Tudo fluiria sob mim e sobre mim, marcando minhas atitudes, mas alguma coisa na minha mente me faz pensar na década de setenta. Suas músicas disco maravilhosas, o groove do contrabaixo a empolgação das pessoas. O que importava era o ritmo, o balanço. As calças bocas de sino, o cabelo black power, e por outro lado o hard rock que começava a nascer, os hippies e john lennon na ativa contra a guerra do vietnã, o punk surgindo na Inglaterra e nos Estados Unidos. As grandes viagens do Pink Floyd, toda uma geração cantando, toda uma geração ouvindo músicas da melhor qualidade. Não sei qual seria a melhor época, ainda há os malucos anos oitenta, com as inovações pops, a voz estonteante de Freddy Mercury, e o nascimento absurdo do techno. Os cabelos volumosos, os ternos bregas, as letras bregas, as cores bregas. Tudo florescendo novamente, como uma bomba de novidade, além disso, a maioria das canções pareciam ter um eco triunfante nessa época. E então chega a crueza dos anos noventa, Kurt Cobain, jogando toda a purpurina da década passada para o lixo, sendo direto, juvenil, rebelde, imaturo. Morrendo jovem. Talvez a década de noventa tenha morrido jovem, ou viveu jovem por tempo demasiado. Beck e outros cantavam o modo “loser” de ser. Os nerds começam a entrar na moda, e mais para o final da década, surgem as bandas de pós rock, indies, nova invasão britânica, todos com nomes diferentes, mas com uma sonoridade muito parecida. As letras se tornam cada vez mais pessoais ou intimistas, mas todas as canções tristes continuam falando de amor. Seja com meleca no cabelo, com gritos de ié-ié-ié, calças bocas de sino, eco triunfantes, ou juventude exagerada.

3 comentários:

Julianne Maia disse...

eu já li esse texto. ou é impressão? :P

Rafael Gloria disse...

o iniziozinho dele estava no meu perfil um tempo atrás. mas agora o desenvolvi bastantee

Pricilla Farina Soares disse...

'você é aquilo que ouve'
sim,todas as letras,independente de tempo e estilo,acabam falando de amor :)
adoreeei o texto Rafa :D