Ninguém sabe dizer ao certo o exato momento em que se
apaixona por uma pessoa. Todos conhecemos, entretanto, aquela sensação pulsante que te prende, que
te faz querer estar com o outro. É essa mesma sensação que pode vir a crescer
tanto e unir dois indivíduos antes desconhecidos, ou não, em um relacionamento.
Tenho amigas e amigos, porém, que frequentemente estão em dúvidas, assombrados
por algo que muitas vezes parece se assemelhar a um jogo de caça ao rato, ou
pior, a um jogo de adivinhações, cheio de paranoias e preocupações demasiadas
(ele não me ligou, ela viu a mensagem e não respondeu na – insira a rede social
ou o dispositivo tecnológico aqui – etc.). Quando tudo ficou tão complicado?
Faço um paralelo com a sociedade estadunidense, baseada em
competição desenfreada, maior país capitalista, e, por consequência, um paralelo
com os produtos culturais que ela produz. Muito da linguagem utilizada por eles,quando
falam sobre relacionamentos, vem do jogo, do esporte. Além, é claro, do termo “date”,
o encontro. Parece que há fases padronizadas para se conhecer uma pessoa. “First
base”, “Second Base”, “Third Base”, termos utilizados no Beisebol e também
figuras de linguagem para certos comportamentos, que seriam quase que
cumulativos – do tipo, já estamos no terceiro encontro, então é hora de rolar o
sexo. Como se tudo fosse assim tão regrado, como se existisse uma normatização para
o desconhecido. Quanto a isso, acredito absolutamente que não há, o contato é
anárquico e literalmente revolucionário para o seu sistema. Por isso não há
ordem nesse caos todo.
Há sim evidências, há pequenas pistas, há atitudes sutis que
podem indicar um caminho em comum para ambos. Mas isso deveria vir naturalmente
e sem muito esforço, sem tantas brigas, sem tantos joguinhos, paranoias ou
padronizações. Há gente que valoriza demais a dificuldade em conquistar alguém,
a dificuldade em manter aquele relacionamento, quando o contrário me parece bem
mais necessário. A leveza é sempre mais interessante e, no final das contas, não
gera tanto ressentimento. Minha experiência, pelo menos, sugere isso: todas as
mulheres importantes da minha vida até então simplesmente demonstraram
interesse também – sem tantos jogos, sem tanto medo.
Não posso relatar com
certeza o exato momento em que me descobri apaixonado, mas guardo alguns dos indícios
de que poderia ser feliz com elas – até para lembrar, quando acontecer de novo.
A menina que me olhava na escola e cuja carta eu, relutante, enviei. ; a ruiva
extrovertida que pegou na minha mão durante um show; aquela que eu deixei um
recado no Orkut e em seguida nos conhecemos; a moça do interior que eu ainda
confundo com saudade. Todas também tomaram a iniciativa, ou retribuíram sem
hesitar a atenção que dei a elas. Quando insisti demasiadamente, ou tentei
combater a frieza e escárnio da indiferença, não obtive sucesso. E, nos raros
casos que obtive, não foi para frente.
Lembrei daquele velho
ditado que diz que só há duas pessoas no mundo: “Você e todo o resto”. Mas, se lembre
de que isso vale para os outros também. Então nos vários e diferentes relacionamentos
não pense só em você, mas também no outro – se ele ainda quer, se você está perdendo o seu
tempo – por que, às vezes, simplesmente não é para acontecer.
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