domingo, 25 de agosto de 2013

Paixão, entretanto

Ninguém sabe dizer ao certo o exato momento em que se apaixona por uma pessoa. Todos conhecemos, entretanto, aquela sensação pulsante que te prende, que te faz querer estar com o outro. É essa mesma sensação que pode vir a crescer tanto e unir dois indivíduos antes desconhecidos, ou não, em um relacionamento. Tenho amigas e amigos, porém, que frequentemente estão em dúvidas, assombrados por algo que muitas vezes parece se assemelhar a um jogo de caça ao rato, ou pior, a um jogo de adivinhações, cheio de paranoias e preocupações demasiadas (ele não me ligou, ela viu a mensagem e não respondeu na – insira a rede social ou o dispositivo tecnológico aqui – etc.). Quando tudo ficou tão complicado?

Faço um paralelo com a sociedade estadunidense, baseada em competição desenfreada, maior país capitalista, e, por consequência, um paralelo com os produtos culturais que ela produz. Muito da linguagem utilizada por eles,quando falam sobre relacionamentos, vem do jogo, do esporte. Além, é claro, do termo “date”, o encontro. Parece que há fases padronizadas para se conhecer uma pessoa. “First base”, “Second Base”, “Third Base”, termos utilizados no Beisebol e também figuras de linguagem para certos comportamentos, que seriam quase que cumulativos – do tipo, já estamos no terceiro encontro, então é hora de rolar o sexo. Como se tudo fosse assim tão regrado, como se existisse uma normatização para o desconhecido. Quanto a isso, acredito absolutamente que não há, o contato é anárquico e literalmente revolucionário para o seu sistema. Por isso não há ordem nesse caos todo.

Há sim evidências, há pequenas pistas, há atitudes sutis que podem indicar um caminho em comum para ambos. Mas isso deveria vir naturalmente e sem muito esforço, sem tantas brigas, sem tantos joguinhos, paranoias ou padronizações. Há gente que valoriza demais a dificuldade em conquistar alguém, a dificuldade em manter aquele relacionamento, quando o contrário me parece bem mais necessário. A leveza é sempre mais interessante e, no final das contas, não gera tanto ressentimento. Minha experiência, pelo menos, sugere isso: todas as mulheres importantes da minha vida até então simplesmente demonstraram interesse também – sem tantos jogos, sem tanto medo.

Não posso relatar com certeza o exato momento em que me descobri apaixonado, mas guardo alguns dos indícios de que poderia ser feliz com elas – até para lembrar, quando acontecer de novo. A menina que me olhava na escola e cuja carta eu, relutante, enviei. ; a ruiva extrovertida que pegou na minha mão durante um show; aquela que eu deixei um recado no Orkut e em seguida nos conhecemos; a moça do interior que eu ainda confundo com saudade. Todas também tomaram a iniciativa, ou retribuíram sem hesitar a atenção que dei a elas. Quando insisti demasiadamente, ou tentei combater a frieza e escárnio da indiferença, não obtive sucesso. E, nos raros casos que obtive, não foi para frente.

Lembrei  daquele velho ditado que diz que só há duas pessoas no mundo: “Você e todo o resto”. Mas, se lembre de que isso vale para os outros também. Então nos vários e diferentes relacionamentos não pense só em você, mas também no outro –  se ele ainda quer, se você está perdendo o seu tempo – por que, às vezes, simplesmente não é para acontecer.


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