No inverno, é verdade que elas se escondem, ou melhor, se camuflam
a partir das mais diversas fantasias, das mais diversas roupas, dos ornamentos
em forma de cachecóis enrolados majestosamente no pescoço. Sejam sérias,
bem-humoradas, sacanas, pueris, amorosas. O frio as faz ficarem mais contidas,
mas isso não significa que parem de se comunicar ou se comuniquem menos. Não,
só há formas diferentes falar. É só
prestar a atenção para ver que sempre que andam cansadas, ligam o “foda-se” e não
se maquiam totalmente, esquecem-se daquela parte que não seria esquecida em
qualquer outro dia normal – e é isso que faz toda a diferença. Saem para a rua,
um pouco mais irritadas, pisando mais firme no chão, mais propensas a não
aguentar as suas baboseiras e, meu amigo, eu sei que você é propenso a falar
muitas besteiras. Mas elas são seres, se não superiores a você, muito melhores
em vários quesitos e entre esses quesitos está a capacidade de se reinventar,
de mudar tudo, de ficar confusa e de se entregar, porque isso é parte da vida ,
algo tão difícil para nós. E é essa entrega, que pode ser contida, ou não, que
pode ser alegre, ou não, que pode ser derretida, ou não, é que faz esse nosso
mundo pequenino girar. E se tornar grande, se tornar confuso, se tornar certo,
se tornar propício para morar com uma pessoa. Morar em uma pessoa, você e ela morando
juntos, tão diferentes, tão perto. Sem se perguntar o porquê, é lá onde mora o
amor.
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