sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um ano de Travessia


É, quem diria. Aqui estamos nós um ano depois. Aqui estamos nós em pé, fortes, ainda rendendo, ainda escrevendo. E não estamos menores, isto é, tivemos algumas quedas pelo caminho, mas outros entraram, outros ajudaram a manter o ritmo. Ritmo. Talvez seja isso que explique que uma ideia possa se manter, ficar, permanecer, sabe? Sabe. É o ritmo que se impõe que mantém tudo funcionando. E isso inclui publicações jornalísticas também. O que é uma revista, o que é um jornal, o que é um site se não um organismo vivo? Que produz, que reproduz, que analisa, que respira?

Respirar. É isso que o Nonada vem fazendo há quase um ano. Dia nove agora completaremos com orgulho 365 dias online sem interrupção. E isso não é pouco tempo para uma publicação que visa cobrir o jornalismo cultural com um viés mais aprofundado na internet e de forma independente. Não é pouco mesmo. Quem conhece essa área sabe que há um debate já antigo, mas sempre pertinente, sobre o rumo que o jornalismo que cobre a cultura tomou – principalmente nos jornais de grande circulação. Trata-se de um jornalismo pautado pela agenda, focado, em boa parte, no produto cultural e que não levanta a bunda da cadeira para tentar pensar um pouco mais além do release. Perdemos espaço de crítica, perdemos capacidade de selecionar pautas (já que a maioria delas vem diretamente das assessorias de imprensa para a confortável caixa de correio) e, por fim, perdemos a capacidade de nos revoltar.

Perdemos? Não, nem todo mundo perdeu, nem todo mundo se acostumou, nem todo mundo quer que as coisas continuem iguais. O Nonada veio sim para ser uma publicação que reflete, que seleciona, que busca se aprofundar nas pautas. E o site só chegou ao seu primeiro aniversário de forma independente porque as pessoas acessam e querem ter conteúdo desse tipo. Sim, e na internet – aquela plataforma em que insistem que se deve ser tratada superficialmente, porque se o texto for muito longo “ninguém” vai ler. Algumas das matérias mais acessadas do Nonada são as que tiveram a maior quantidade de caracteres. Se o conteúdo for bom, terá leitura, terá repercussão. Cada vez mais grandes revistas colocam seu conteúdo na internet. Para ilustrar, cito o exemplo da Piauí, que recentemente disponibilizou todo o seu acervo online.

Uma coisa que aprendi com o Nonada é que a gente tem que vencer na insistência. A princípio estava tudo contra nós: um site feito por estudantes (a grande maioria já se formou) cheio de outras obrigações, um site que não gera dinheiro, aborda a área cultural com uma proposta diferente do que a maioria do público está acostumado (logo, nenhum retorno imediato estaria garantido) e na internet ainda! Difícil, né? Difícil pra caramba. Mas estamos vencendo, e isso não é para todo mundo. Só conseguimos chegar até aqui porque fechamos com a ideia de travessia e porque tivemos um retorno positivo do nosso trabalho.

A parceria com a Revista Cult, uma das publicações de jornalismo cultural independente mais interessantes do País, a parceria com o jornal que cobre muito bem a área da literatura, o Jornal Rascunho, as editoras Arquipélago e Record mostram que o nosso trabalho está sendo reconhecido. Todas as citadas estão fornecendo prêmios para o nosso concurso de um ano do site, nesse link você pode acessar e saber como concorrer.

Queria agradecer, em especial, a todo mundo que ajuda a fazer o Nonada, todos que colaboraram em algum momento e, em específico, a aqueles que estão fechados com a ideia e com o site desde o início: Mariana Sirena, Leila Ghiorzi, Ariel Oliveira – que estão desde os primórdios, de pensar, planejar o site e também produzir. E quero também agradecer ao Daniel Sanes e a Mariana Gil que entraram logo que o site foi ao ar, e que realmente abraçaram o espírito de travessia.

Então, que venha mais um ano, mais caminhos e mais desafios. Estamos prontos.


2 comentários:

Eduardo disse...

Parabéns, e continuem firmes na travessia!

P.S.: tenho uma pontinha de inveja (do tipo inofensivo) de vocês.

Nata disse...

Parabéns, Rafael! Eu confesso que gosto cada vez mais do Nonada, que venham muitos outros anos!

beijo!