Lídia cresce rapidamente, já está alguns centímetros mais alta desde a última carta. É verdade, e mais loira também. Obviamente puxou isso da sua família. De mim, com certeza o nariz. Eu tenho belo nariz, você mesmo dizia. Tivemos que comprar roupas novas na semana passada, já que as aulas dela vão começar daqui alguns dias.
Queria que você visse o rosto dela, Arthur. Ela realmente está empolgada, quase não dorme direito. Fala da escola, e de futuros amigos, amigos, amigos. Esse é o problema de crescer sozinha. Acho que, no final das contas, só uma mãe não pode dar conta de tudo, né?
Não falo isso para que você se sinta culpado. Longe disso. Falo isso porque eu preciso falar para alguém. Mesmo que você não vá responder. Falo isso também porque tenho medo, tenho muito medo que as altas expectativas dela não sejam cumpridas.
E se ela não arranjar amigos na escola? E se não gostarem dela por algum motivo banal e excluírem-na?
Você sabe, crianças podem ser tão cruéis. Eu era assim, até. Solitária pra caramba, Arthur, mas a Lídia não, a Lídia quer ter tantos amigos. Não sei como agir o suficiente e sei que você saberia exatamente o que me dizer nessas situações. Tudo iria ficar bem de alguma forma.
Agora já não tenho certeza. Agora que você está longe não dá para ter certeza de nada.
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