terça-feira, 22 de julho de 2008

Sem saída.

Moro há vinte anos numa rua sem saída. Sabe como é, sem escapatória, como se cada pensamento, cada pessoa, cada situação que eu atravessasse batesse na parede e retornasse para mim. De novo. Mais uma vez. Outra chance - ou mais uma chateação. Posso dar inúmeros exemplos: a repetição sempre me chama. Logo, aprendi a me acostumar com isso. Substitui o adeus, pelo até mais. O fique bem pelo cuide-se. Quantas situações eu já sabia anteriormente que as encararia novamente? Mulheres, aulas, pessoas, amizades. Viver numa rua fechada, hermética é o significante real do meu ser.
Outra das minhas sinas são as mãos, muito da minha vida pode ser explicado pelos dedos que se quebram no inverno, um problema de pele mal resolvido, a verdade é que necessito deles para começar tudo (ou para repetir tudo) num eterno reciclo de mim mesmo. A rua pela qual eu caminho é uma extensão dos meus pensamentos, ela me preenche e me influência, ela me abraça e me nota, diz tudo que eu já sei, repete comigos ensinamentos chatos, os bons, os ruins, estamos intimamente interligados, porque eu sou um garoto de uma rua sem saída, um cara sem saída.

Um comentário:

Anônimo disse...

Na realidade, tu escreve como se faz uma oração: redondo, coeso, sintético, denso e aberto. E eu não sabia que a thomas edson era sem saída. Tô por fora.