sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Carta 15

Desculpe ficar assim, mas é que eu não me controlo. É ridículo, eu sei, e eu não queria ficar desse modo. Estou mais leve escrevendo. Ainda é cedo para tanta coisa e eu nem sei o que te escrever agora, porque eu sinto um misto de tanto e a grande maioria desse tanto está na minha cabeça. Mas por que você tinha que mentir para mim? Eu sei, eu sempre quero saber de tudo, mesmo sabendo, na verdade, que é esse tudo que vai acabar com nós. O que eu posso fazer? Dos teus casos, dos teus descasos. Por que a carência é tão importante para você? Por que não ficar sozinho, por que dar, dar, dar. Isso tem algum valor? Adiantou alguma coisa? Deus no céu e alguém no chão. O que restou disso tudo? Eu apareci, mas poderia ser qualquer um. Não? É o convívio velado que dói e os sonhos e recordações suas espalhadas por ambientes em que não existem ou existem em uma realidade paralela. Uma realidade com sucursal em lugares que você esteve, dando dando dando, por aí. Para quê. A cama é nossa, e já foi de quantos. Estou escrevendo assim, porque me sinto melhor soltando essas ideias bizarras e quero ver se consigo dormir de noite agora, enquanto neva e o sol vem degelar os carros congelados da madrugada. 

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