Desculpe ficar assim, mas é que eu não me controlo. É
ridículo, eu sei, e eu não queria ficar desse modo. Estou mais leve escrevendo.
Ainda é cedo para tanta coisa e eu nem sei o que te escrever agora, porque eu
sinto um misto de tanto e a grande maioria desse tanto está na minha cabeça.
Mas por que você tinha que mentir para mim? Eu sei, eu sempre quero saber de
tudo, mesmo sabendo, na verdade, que é esse tudo que vai acabar com nós. O que
eu posso fazer? Dos teus casos, dos teus descasos. Por que a carência é tão
importante para você? Por que não ficar sozinho, por que dar, dar, dar. Isso
tem algum valor? Adiantou alguma coisa? Deus no céu e alguém no chão. O que
restou disso tudo? Eu apareci, mas poderia ser qualquer um. Não? É o convívio
velado que dói e os sonhos e recordações suas espalhadas por ambientes em que
não existem ou existem em uma realidade paralela. Uma realidade com sucursal em
lugares que você esteve, dando dando dando, por aí. Para quê. A cama é nossa, e
já foi de quantos. Estou escrevendo assim, porque me sinto melhor soltando essas
ideias bizarras e quero ver se consigo dormir de noite agora, enquanto neva e o sol vem
degelar os carros congelados da madrugada.
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