Há quatro anos a gente se reunia num apartamento pequeno e
cheio de afeto em uma rua do Bom Fim. Não me lembro exatamente como tava o
tempo – o céu totalmente nublado, talvez. Sei que era dia 16 de maio de 2010, eu ainda
era estudante de jornalismo na faculdade de comunicação da Ufrgs e estagiava na
editoria de cultura do Jornal do Comercio. Eu tinha viajado para São Paulo a
fim de participar do Congresso da Revista Cult e retornado com várias ideias,
sempre elas. Estava empolgado, porque sou uma pessoa um tanto quanto passional,
e então comecei a procurar outros seres passionais, ou não, que eu sabia que
poderiam se interessar com a proposta de trabalhar com jornalismo cultural. Todos nós assinamos uma folha que reproduzo em seguida.
Eles compraram a ideia e, de repente, as reuniões foram se
tornando mais frequentes. Foi-se discutindo o conceito, foi-se pensando no
layout, foi-se escolhendo um nome. E, do nada: Nonada. E, de repente, já se
tinha uma data para o lançamento (um pouco mais tarde, no dia onze de setembro), de repente já se tinham problemas com prazos,
de repente pessoas saíram e outras pessoas entraram. Nós não sabíamos o que
estávamos fazendo no começo, principalmente em termos de vender um produto.
Todos nós éramos jornalistas e pensávamos basicamente na produção do conteúdo,
da matéria, do enfoque. Foi um erro em termos mercadológicos, eu admito sem nenhum
constrangimento. Porém, a qualidade das nossas matérias ao longo desse tempo
não fica atrás de nenhuma grande publicação da área, principalmente aqui do Sul
do País. Pode soar pretensioso, e é, mas eu confio tanto nessas pessoas com
quem trabalhei, que atesto isso.
O Nonada, entretanto, acabou sendo maior que todos nós que
passamos por ele. E olha que, de diferentes colaboradores, nós já atravessamos
a marca de sessenta pessoas (acho, não sei, talvez eu não tenha contado direito).
Do começo do site, mas eu digo do começo mesmo, daqueles seres calorosos que
estavam lá naquele apartamento no Bom Fim naquela tarde de maio, não há mais
ninguém. Alguns nem em Porto Alegre estão mais. Outros largaram o jornalismo. Outros
sumiram. Mas o Nonada não sumiu, porque eu
estou cada vez mais convencido de que eu não sei fazê-lo sumir.
E, claro, é minha culpa, eu admito. Porque o Nonada também
sou eu, ou eu me confundo com ele. É para onde eu volto sempre, meu porto
seguro do jornalismo, que me conectou a várias pessoas, que me levou interagir
com diferentes conhecimentos e, o mais importante, que ajudou a definir a minha
vida . Eu aprendo
tentando, eu tenho ideias a partir de diálogos e trocas. O Nonada proporcionou
isso tudo para mim, porque me fez entrar em contato com algumas pessoas incríveis. E tenho certeza que não é só eu que me
sinto assim em relação ao site.
Atualmente, estamos retornando com um novo layout (quase
pronto), temos um programa semanal de rádio web, temos uma equipe pequena, mas
empolgada e que está trabalhando para trazer mais pessoas e mais novidades ao
site – sempre com o mesmo espírito de travessia. Estamos com uma nova proposta
de divulgar e trabalhar com a cobertura de artistas novos. Queremos fazer a
cobertura crítica de produtos culturais, algo que sempre fizemos bem.
E é bom sentir toda essa vontade novamente.
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