terça-feira, 13 de março de 2012

Crônicas de um repórter novato – parte XXII



Faz tempo que eu não escrevo nesse espaço. Inúmeras vezes inúmeros tópicos saudavelmente surgiram convidando-me a escrever, convidando-me a refletir sobre a minha perturbada, mas adorável, relação com o jornalismo. O problema é que outras inúmeras coisas aconteceram nesse tempo, tanto que eu nem sei por onde começar.

Acho que dá para ser pelo fim de um ciclo: me formei como jornalista, diplomado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação no dia 12 de fevereiro de 2012. É verdade que não me sentia mais parte da Fabico há um tempo, entretanto ela se tornou, para mim, uma espécie de espírito, uma mistura de lembranças de colegas, de professores, de aprendizados, de conversas. Não dá para resumir esse tempo em um post de blog, mas há cenas memoráveis que gostaria de narrar qualquer dia desses...

Continuo tocando o site Nonada – Jornalismo Travessia, no ar desde setembro de 2010. Muita coisa mudou nessa parte da minha trajetória, muitos colegas que ajudaram a fundá-lo saíram ou abandonaram a ideia; outros ficaram. Contudo estamos mantendo a chama ainda altiva – mesmo com todas as dificuldades conhecidas do jornalismo autônomo. Há muita colaboração, muita gente que apoia a ideia e que nos faz seguir em frente. Nossa resposta nas redes sociais e nos acessos é boa. A procura de agora deve ser a de descobrir um meio de tornar o site rentável ou, pelo menos, que se “pague” sozinho. É um caminho complicado, mas vamos ter que tomá-lo.

Meu último ano como estudante (2011) não foi bom em termos de estágio. Todos foram no setor de assessoria, do qual não estava acostumado e do qual comprovei não ter muito afeto. Fiz o trabalho, mas não a gosto. Depois de refletir sobre isso, acabei entendendo que para se ser um assessor bom, você deve vestir a camiseta da sua empresa realmente, e eu não me sentia à vontade fazendo isso em nenhuma delas. É a velha questão de estar apaixonado pelo que se faz, só que na assessoria (diferente da redação de um jornal ou site em que você pode se apaixonar por pautas e pela reportagem/ apuração – não necessariamente a empresa em que trabalha) você realmente tem que fazer parte do sentimento empresarial.

Talvez por isso eu tenha ficado tão empolgado com o meu TCC, a ponto de largar o estágio que não estava gostando, para me dedicar só a ele. No projeto, consegui unir duas paixões: os videogames e a cultura. Pesquisei a como os videogames eram tratados dentro da editoria de Arts do New York Times. Apesar da correria, acho que o trabalho ficou interessante (sou suspeito de falar, mas...) e fui aprovado com a nota A. Aliás, o último momento como estudante de graduação daquela universidade...meus amigos presenciando a minha parca apresentação, e me acompanhando durante os quase dez minutos de espera do lado de fora da porta, enquanto a banca e a minha orientadora decidiam a nota, essas coisas a gente leva para sempre. Depois, a gente volta para o início do texto, a correria da formatura, o planejamento da recepção que fiz juntamente a três colegas que entraram no curso comigo. 

O que acontece agora?

Bem, encontro-me em uma situação esquisita: pela primeira vez estou sem um trabalho fixo e sem aula. E é muito estranha essa sensação de não ter um lugar para ir, de não poder entrar em uma faculdade, em um lugar e dizer que está fazendo algo, ou se sentindo parte de algo. Confesso que estou sim meio deprimido, talvez mais melancólico, porque ainda estou digerindo todo esse processo. O fato de ainda não ter um trabalho me deixa também meio ansioso e com medo do que virá daqui para frente.

Sinto que esse post todo foi uma desculpa para explicar a minha ausência, nunca gostei de escrever assim...mas está feito. .

Um comentário:

Pricilla Farina Soares disse...

Sei bem como é esta sensação de não poder dizer que se está em uma faculdade fazendo algo ou que está sendo parte de algo. O ano de 2011 foi um ano bem complicado para mim, profissionalmente e pessoalmente falando (por esse lado para mim e toda minha cidade) e, somando tudo, fiquei um pouco deprimida, com medo e com a pergunta "pra onde vou agora?" sempre martelando na minha cabeça. Comecei a trabalhar como freelancer e algumas horas da minha semana passaram a ser preenchidas e este ano comecei meu mestrado, que não é exatamente na área de comunicação. Mas, mesmo não sendo na área da comunicação e ainda estando meio em crise de como fazer esse mestrado ser realmente da minha área para mim, começo novamente a me sentir parte de algo, e isso é bom.
Sei que quando este período acabar vou novamente me fazer as mesmas perguntas que já me fiz e que o friozinho na barriga vai persistir. Não é fácil encontrar nosso caminho. E talvez isso também seja bom :) (escrevi a Bíblia no comentário, me desculpe aeheaueaheai)