Por que você não tira os sapatos? Encosta perto da porta,
isso, devagar, não se sente melhor assim? Com os pés pisando no carpete. Em mim
dá cócegas. Eu gosto.
É verdade, eu já me sinto um pouco melhor. A sua casa é
bonita.
Me mudei há pouco tempo para falar a verdade. Foi um bocado
de dinheiro, mas para que serve o dinheiro se não para ser gasto, né?
Acho que sim, se eu tivesse muito dinheiro eu nem sei se
teria casa, acho que eu ficaria viajando por aí, sem rumo, vivendo em hotéis.
Parece divertido.
Pois é, imagina viver assim sem nenhum ponto de chegada, sem
nada, sem se prender.
Será? Uma hora todo mundo tem que parar.
Ah, imagina viver por aí andando de carro, de avião,
quebrando alguns quartos de hotel.
Você é engraçada. Mas me diz, como está o seu pé, não
machucou muito então, pelo jeito.
Não, não, tá tudo certo...
Posso pegar uns esparadrapos aqui, eu tenho certeza que
deixei em algum lugar do banheiro...
Não, não precisa mesmo, tá tudo certo. Eu que sou uma
desastrada. Minha mãe dizia que ninguém em casa quebrava tanta coisa como eu,
acho que nasci para quebrar coisas.
Eu também sou meio desastrado, por que você acha que eu
tenho carpete em casa?
Você é engraçado.
Obrigado, quer uma bebida?
Não sei, não sei...
O que houve?
Talvez seja melhor eu ir embora.
Mas ainda é cedo, não quer ficar mais um pouco. Deixo você
quebrar o meu quarto. O que acha?
É uma boa ideia, mas eu não sei. Acho que vou deixar para a
próxima.
Ah, tudo bem, eu entendo. Então teremos uma próxima vez?
Eu gostaria.
Eu também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário