quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Melhor longe

Ela me disse que eu iria adorar Londres, que estava na minha cara. Falou também que o tempo em Paris era louco. E que o jeito de ganhar os franceses era não falar em inglês com eles. Me deu, ainda, algumas dicas sobre o meu cabelo, disse que eu precisava urgentemente de um hair design, que todo mundo estava consultando essas pessoas e que elas realmente saberiam o que fazer comigo. Falou que isso seria a cura para as minhas dores de estômago. Ficava me perguntando por que razão eu não havia a visitado na Europa, embora ela soubesse que essa não era uma oportunidade viável para mim. Fazia cara de magoada, como se ela realmente estivesse magoada. Dobrava os olhos para baixo e levava junto as bochechas, como se tudo fosse cair. Mas apenas por alguns segundos. Em seguida já erguia todo corpo novamente, falando sobre os inúmeros passeios em vários, vários museus. E tudo que eu teria perdido em não ter ido vê-la. Lá embaixo, perto do esôfago, os ácidos irritadiços queimavam as peles a todo vapor. E eu - que a princípio me conhecia tão bem - implorava para que Regina fosse logo embora dali.

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