Aposto que você não está fazendo nada do que disse que iria
fazer, quando resolveu sair lá de casa. Ah, sim, eu me lembro como se fosse
hoje – apesar de já fazer um tempo. Precisava ter novas experiências para se
conhecer melhor, precisava cair no mundo para ver se se reconhecia nele (sei que
não foi bem nessas palavras, mas foi quase isso). E isso tudo não dava para
fazer a dois, obviamente. E então eu gostaria de te perguntar: você está tendo as
tais novas experiências? Você está enlouquecendo na vida? Fazendo aquelas
coisas que você queria ter feito e não conseguiu porque é toda problemática, ou
simplesmente por ser medrosa? Sei que é meio ridículo perguntar, mas é que
sinceramente estou curioso em relação a isso tudo. Mas essa é uma carta que não será entregue,
porque eu não preciso que ela seja entregue, eu só preciso que a pergunta fique
no ar, que saia de mim e se espalhe por aí, para morrer em seguida, espero. Para
morrer em algum lugar entre esse apartamento meio abandonado e um carteiro
gordinho que entrega a sua carta no início da tarde. A verdade é que ela morre
aqui no papel, no ponto final.
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