quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Pela noite

Bem, Tom Waits diria que a noite desperta diferentes sensações nas pessoas, e eu concordo. Em 2012, mais do que tudo, fiquei ainda mais amigo da noite. Não no sentido boêmio do termo, não no sentido pejorativo e quase ridículo da frase “vamos para a noite”. Digo no sentido fraternal mesmo, na cumplicidade de dois velhos conhecidos que apreciam a companhia um do outro.

A noite é escura e densa, quase insolúvel, e totalmente impermeável. A noite é camada e protege os que se escondem e os que a escondem. A noite é dissimulada e sabe aceitar todos os problemas. Há sempre um pouco de desconfiança com ela, pois é tudo baseado em contratos emocionais, olho no olho, boca na boca, toque no toque.

A noite é papel de decoração, amor ferido, quase brutal.

Já tive medo dela, confesso. Já tive receio, porque não a entendia, admito. Não é vergonha. O passar do tempo confirma para o que realmente fomos feitos. E a noite foi feita para sondar, iludir e sonhar - talvez o grande motivo para que eu a ame tanto. Sonho durante toda a noite e, às vezes, sonho até mais quando não estou dormindo. Imagino, crio, antes de dormir e esqueço também (a noite, querida, às vezes pode ser traidora).


Mas, alguma coisa sempre fica da noite para a gente carregar durante o dia.

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