quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Crônicas de um repórter novato - parte XXIII

Ah!

O quão maravilhoso e terrível pode ser o tempo?


Estou retomando o blog, e relendo essa coluna fiquei docemente nostálgico. Tantos momentos importantes eternizados nesses pixels. O Rafael Gloria estagiário com receio e nervoso nunca sairá de mim, porque eu nunca deixarei. Ele é essa pessoa apaixonada por escrever, apaixonada em descobrir os outros e pelo fazer jornalístico. Por que eu mudaria isso?

Tudo que ele precisava era um pouco de coragem. E acho que isso eu consegui.

Desejo que o Rafael Gloria estagiário seja a pedra fundamental da minha profissão. O marco, a fé, a lembrança que faz seguir adiante. Afinal, o que não é o jornalismo se não a eterna perpetuação do banal? Sim, banal, porque tudo - atravessado pelo tempo - fica banal em algum momento. Tudo é solúvel e medroso perto da poeira de estrelas.

Não existe a tal objetividade, só existe o princípio de encontrá-la, buscá-lá, sem nunca nunca a encontrar. Há algo mais poético que isso?

Jornalistas, então, são seres emocionais que anseiam o factual. A subjetividade coberta por concreto, nascendo e morrendo todos os dias.

Humanos e nada mais.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Pela noite

Bem, Tom Waits diria que a noite desperta diferentes sensações nas pessoas, e eu concordo. Em 2012, mais do que tudo, fiquei ainda mais amigo da noite. Não no sentido boêmio do termo, não no sentido pejorativo e quase ridículo da frase “vamos para a noite”. Digo no sentido fraternal mesmo, na cumplicidade de dois velhos conhecidos que apreciam a companhia um do outro.

A noite é escura e densa, quase insolúvel, e totalmente impermeável. A noite é camada e protege os que se escondem e os que a escondem. A noite é dissimulada e sabe aceitar todos os problemas. Há sempre um pouco de desconfiança com ela, pois é tudo baseado em contratos emocionais, olho no olho, boca na boca, toque no toque.

A noite é papel de decoração, amor ferido, quase brutal.

Já tive medo dela, confesso. Já tive receio, porque não a entendia, admito. Não é vergonha. O passar do tempo confirma para o que realmente fomos feitos. E a noite foi feita para sondar, iludir e sonhar - talvez o grande motivo para que eu a ame tanto. Sonho durante toda a noite e, às vezes, sonho até mais quando não estou dormindo. Imagino, crio, antes de dormir e esqueço também (a noite, querida, às vezes pode ser traidora).


Mas, alguma coisa sempre fica da noite para a gente carregar durante o dia.