Faz tempo que eu não escrevo nesse espaço. Inúmeras vezes
inúmeros tópicos saudavelmente surgiram convidando-me a escrever, convidando-me
a refletir sobre a minha perturbada, mas adorável, relação com o jornalismo. O
problema é que outras inúmeras coisas aconteceram nesse tempo, tanto que eu nem
sei por onde começar.
Acho que dá para ser pelo fim de um ciclo: me formei como jornalista, diplomado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação no dia 12 de fevereiro de 2012. É verdade que não me sentia mais parte da Fabico há um tempo, entretanto ela se tornou, para mim, uma espécie de espírito, uma mistura de lembranças de colegas, de professores, de aprendizados, de conversas. Não dá para resumir esse tempo em um post de blog, mas há cenas memoráveis que gostaria de narrar qualquer dia desses...
Continuo tocando o site Nonada – Jornalismo Travessia, no ar
desde setembro de 2010. Muita coisa mudou nessa parte da minha trajetória,
muitos colegas que ajudaram a fundá-lo saíram ou abandonaram a ideia; outros
ficaram. Contudo estamos mantendo a chama ainda altiva – mesmo com todas as
dificuldades conhecidas do jornalismo autônomo. Há muita colaboração, muita
gente que apoia a ideia e que nos faz seguir em frente. Nossa resposta nas
redes sociais e nos acessos é boa. A procura de agora deve ser a de descobrir
um meio de tornar o site rentável ou, pelo menos, que se “pague” sozinho. É um
caminho complicado, mas vamos ter que tomá-lo.
Meu último ano como estudante (2011) não foi bom em termos
de estágio. Todos foram no setor de assessoria, do qual não estava acostumado e
do qual comprovei não ter muito afeto. Fiz o trabalho, mas não a gosto. Depois
de refletir sobre isso, acabei entendendo que para se ser um assessor bom, você
deve vestir a camiseta da sua empresa realmente, e eu não me sentia à vontade
fazendo isso em nenhuma delas. É a velha questão de estar apaixonado pelo que
se faz, só que na assessoria (diferente da redação de um jornal ou site em que
você pode se apaixonar por pautas e pela reportagem/ apuração – não
necessariamente a empresa em que trabalha) você realmente tem que fazer parte
do sentimento empresarial.
Talvez por isso eu tenha ficado tão empolgado com o meu TCC,
a ponto de largar o estágio que não estava gostando, para me dedicar só a ele.
No projeto, consegui unir duas paixões: os videogames e a cultura. Pesquisei a
como os videogames eram tratados dentro da editoria de Arts do New York Times.
Apesar da correria, acho que o trabalho ficou interessante (sou suspeito de
falar, mas...) e fui aprovado com a nota A. Aliás, o último momento como
estudante de graduação daquela universidade...meus amigos presenciando a minha
parca apresentação, e me acompanhando durante os quase dez minutos de espera do
lado de fora da porta, enquanto a banca e a minha orientadora decidiam a nota,
essas coisas a gente leva para sempre. Depois, a gente volta para o início do
texto, a correria da formatura, o planejamento da recepção que fiz juntamente a
três colegas que entraram no curso comigo.
O que acontece agora?
Bem, encontro-me em uma situação esquisita: pela primeira
vez estou sem um trabalho fixo e sem aula. E é muito estranha essa sensação de não
ter um lugar para ir, de não poder entrar em uma faculdade, em um lugar e dizer
que está fazendo algo, ou se sentindo parte de algo. Confesso que estou sim meio
deprimido, talvez mais melancólico, porque ainda estou digerindo todo esse
processo. O fato de ainda não ter um trabalho me deixa também meio ansioso e
com medo do que virá daqui para frente.
Sinto que esse post todo foi uma desculpa para explicar a
minha ausência, nunca gostei de escrever assim...mas está feito. .