Lá estava Elaine ao lado de Eriberto, deitados na cama, cama arrumada com os lençóis completamente limpos. A luz fraquinha, de lâmpada de 20 watts pendia no abajur na cômoda perto do guarda roupa. Parecia um mini pôr do sol alaranjado, que também se deitava no escuro, escorregando a pouca energia elétrica.
Mesmo deitada há tanto tempo seus olhos insistiam em se manter abertos, encarando a noite, pregando peça de que estavam fechados. Ao contrário de Eriberto que dormia ao seu lado, como uma criança. Nenhuma parte do corpo magro de Elaine tocava em seu companheiro. Seus grandes braços estavam juntos embaixo do travesseiro como se escondesse algo nas mãos. Ali, deitada de lado, quase que encolhida, conseguia ver a porta, graças a luzinha. Deus, como ela gostaria de dormir. Deus, como ela gostaria de sair da cama, caminhar até a cozinha e pegar um copo de água. E ela nem estava com tanta sede assim. Ela também gostaria de depois de pegar o copo, abrir a outra porta, a da rua. E caminhar livre. Solta. Encontrar a janela no corredor do prédio e abrir.
Assim, com todas as portas escancaradas e com os olhos abertos durante a escuridão do quarto, ela conseguiria manter a calma. Já poderia sentir o vento da janela, o pequeno pulo para o inconsciente. As nuvens misturadas com a sede, a luz laranja queimando seus pensamentos, tudo apagando. Tudo desmoronando, a sensação de cair e depois pairar, justamente como se estivesse alçando vôo.
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