domingo, 23 de janeiro de 2011

Me liberta

Ela parece tão feia nesse vestido novo que ela comprou, tá mais gorda, mais cheia, mais cheia de coisas que eu nunca antes tinha visto nela. Coisas que eu nunca tinha observado na sua pele tal como manchas meio amareladas, outras meio amarronzadas demais, todas pulando nos meus olhos, todas dançando sob o sol forte de janeiro, afinal quando ela decidiu comprar esse maldito vestido para usar para essa droga de festa em que sou obrigado a ir. Droga de festa e maldita seja a sua responsabilidade sobre nós, que maldito seja a droga de comportamento social que nos impõe as mais desvairadas regras possíveis. Não quero saber a hora em que eu devo chegar, com que roupa eu devo ir. Por que eles tem que escolher todas essas coisas? Por que eu não posso fazer o que bem entender? Por que, então Elisa, eu tenho que sair com você assim. Esse não sou eu. Essa não é você para mim. Ainda mais nesse vestido, ainda mais nesse vestido. Ainda mais nesse vestido.