É como deitar em uma rede no meio da tarde e
perceber devagarzinho o vento que parece que alguém que você gosta muito soprou
diretamente no seu rosto. E daí, meu amigo, daí, meu amigo, meu amigo, não tem
nada ou ninguém nesse mundo comparado a esse tenro momento, talvez só apenas aquelas
situações que guardamos na memória como um beijo debaixo das estrelas, um amor
fadado ao fracasso que continuamos tentando que dê certo, a felicidade do
orgasmo parelho. Mas são poucas coisas, poucas coisas que são tão agradáveis
quanto uma manhã de abril fria, uma manhã de abril fria em que se caminha
debaixo daquele sol desprotegido e que vagarosamente nos abraça, como se
estivesse com pena de nós; e a estrela maior também fica resguardada quando
recebe essas manhãs lindas e soberbas de abril e de outono. Se até o sol rei
sucumbiu quem somos todos nós para não pregar devoção a essa paisagem tão viva
e tão cansada, tão fria e perspicaz, tão calcada na ideia de que o tempo está passando.
As manhãs de abril existem para nos lembrar que tudo passou e nós ainda não
vivemos o suficiente.
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