sexta-feira, 8 de junho de 2012

Carta 12


Pode soar meio old fashion, mas eu me vejo casando com você, e você entrando de vestido branco (ou não) em alguma cerimônia, olhos úmidos. Vejo-me fazendo forças para falar juramentos, que, na verdade, foram escritos ao longo de anos. Eu vejo isso acontecendo, sério, eu que por muito tempo relutei, que não acreditava mais no conceito de família – talvez por minha família – eu vejo nisso uma chance de tentar. Tentar fazer algo que eu não pude ter direito, novas tradições. Retratos na sala, noite de filme de terror, brigas marcadas em períodos, desistir para compartilhar melhor. Estou pronto. Sim, eu que já errei tanto, faço isso porque tento ser uma pessoa boa o suficiente para você. Um clichê ambulante, entre os vários clichês ambulantes. Casar. Clichê tão estúpido quanto o de viajar para se encontrar; para esquecer, excluir. Verdadeiros, por que não. Verdadeiros, por que sim. A gente vai se juntar só depois que o mundo diminuir - e assim ficar. Eu vejo, não sei se você vê, mas eu vejo. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

poema 63#

os galos cantam lá fora
quase quatro da manhã

nem é 
hora de acordar

de dentro
a gente prepara o sono,

a gente prepara o fingimento. 

de noite quando se esquece de dormir
o que se faz para sonhar
para delirar

é o mesmo que se faz para viver.