*Não sei o que mais me marcou em Boyhood, são tantas cenas e
momentos importantes nessas três horas de filme. A começar pelo projeto ambicioso do
Linklater, um dos responsáveis por brincar com o tempo, como na trilogia Antes do...Em outro de seus filmes, o Jovens, Loucos e Rebeldes ele também já
trazia esse assunto da mudança, de passar para outra fase ao abordar a
juventude nos anos setenta e a transição para o que eles chamam de high
school. Mas todos esses filmes citados
tem a característica de não terem um grande acontecimento em suas histórias. A
trilogia é conversa, atrás de conversa, já os Jovens é a rotina de amigos que estão crescendo, mudando de vida, e
agora em Boyhood presenciamos uma série
de acontecimentos na vida do jovem Mason, saindo da infância, alcançando a
juventude e a chegando à faculdade. Não há um plot twist: é a vida assim apresentada
e filmada ao longo de 12 anos. Acontece que ali cada período daria um outro
filme completo, mas isso não é o importante, aqui realmente cada pedaço vale
mais que a soma, porque nós vemos a vida não como uma totalidade, mas como
retalhos. Contamos histórias e deixamos outra para trás - não contamos. Por
isso que o choro desesperador da mãe de Manson no fim é tão comovedor, “eu
achei que teria mais tempo”, diz ela. É, todos nós achamos. Várias cenas ficam
na cabeça dessa história reveladora porque traz um pouco de cada um, e
principalmente daqueles que cresceram juntamente com Manson, todas referências
da cultura pop (outra coisa que o Linklater faz muito bem), estão ali. De
Yellow à Arcade Fire. Para todos aqueles que se questionam e se perguntam mais
sobre a vida, ver como o jovem Manson cresce e se descobre insatisfeito e sempre
pronto para experimentar é mergulhar na própria história.
*Nova série de posts, em que vou escrever rapidamente sobre algum tipo de produto cultural (filme, livros, jogos, quadro,etc) rapidamente, de forma mais instintiva do que analítica. Reforçando mais minhas impressões do que qualquer coisa.
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