domingo, 6 de abril de 2014

Manhãs de abril

É como deitar em uma rede no meio da tarde e perceber devagarzinho o vento que parece que alguém que você gosta muito soprou diretamente no seu rosto. E daí, meu amigo, daí, meu amigo, meu amigo, não tem nada ou ninguém nesse mundo comparado a esse tenro momento, talvez só apenas aquelas situações que guardamos na memória como um beijo debaixo das estrelas, um amor fadado ao fracasso que continuamos tentando que dê certo, a felicidade do orgasmo parelho. Mas são poucas coisas, poucas coisas que são tão agradáveis quanto uma manhã de abril fria, uma manhã de abril fria em que se caminha debaixo daquele sol desprotegido e que vagarosamente nos abraça, como se estivesse com pena de nós; e a estrela maior também fica resguardada quando recebe essas manhãs lindas e soberbas de abril e de outono. Se até o sol rei sucumbiu quem somos todos nós para não pregar devoção a essa paisagem tão viva e tão cansada, tão fria e perspicaz, tão calcada na ideia de que o tempo está passando. As manhãs de abril existem para nos lembrar que tudo passou e nós ainda não vivemos o suficiente.

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